O assunto divórcio voltou a chamar muito a atenção nos últimos anos devido à grande quantidade de separações, não só no Brasil, na vida de pessoas que não temem a Deus, mas também dentro da igreja com um crescimento muito grande dos casos.
Segundo o presbítero André Sanchez da Igreja Presbiteriana Bela Jerusalém, em Ribeirão Preto (SP), existem casos em que a Bíblia permite o divórcio (vamos analisar abaixo), mas o divórcio tem sido muito generalizado ultimamente, onde pessoas se separam pelas menores coisas possíveis, trazendo muito dor e o desagrado de Deus sobre elas.
A seguir ele aponta casos da Bíblia que permitem o divórcio:
1) Não há na Bíblia muitos textos que falam de forma profunda sobre o divórcio. No Antigo Testamento, somente Deuteronômio 24 trata de forma direta sobre o tema. O texto diz: "Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lhe der na mão, e a despedir de casa", Deuteronômio 24:1. Durante séculos se discutiu o que seria "achado coisa indecente nela". Alguns interpretavam que qualquer motivo seria válido para um divórcio (escola do Rabino Hillel) e outros acreditavam que somente o adultério era um motivo válido (Escola do Rabino Shammai).
2) Foi exatamente buscando respostas e experimentando Jesus que os fariseus o provocaram sobre este tema. Jesus, então, traz mais algumas luzes sobre o casamento e sobre os casos em que a Bíblia permite o divórcio: a) O casamento foi criação de Deus entre homem e mulher (Mateus 19:4-5); b) O casamento foi pensado para não acabar (Mateus 19:6); c) O divórcio foi permitido na lei de Moisés por causa do coração duro do ser humano (Mateus 19:8); d) O divórcio não é um padrão de Deus, o padrão foi a união em um casamento permanente que só poderia ser terminado com a morte (Mateus 19:8).
Adultério - Jesus em sua resposta deixou claro que o divórcio poderia acontecer caso houvesse relações sexuais ilícitas de um dos cônjuges, o que aponta para o adultério (dentro desse contexto) como sendo um motivo permitido para divórcio: "Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério", Mateus 19:9. "Não temos registros de Jesus tratando de outras possibilidades para o divórcio, apenas essa mencionada", avisa o presbítero.
Abandono - O apóstolo Paulo, quando tratava em uma de suas cartas a respeito de pessoas que se converteram e se tornaram cristãs, abriu uma nova possibilidade ao divórcio: "Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz", 1 Coríntios 7:15. "Observe que em um caso em que um dos cônjuges se converte e o outro cônjuge o abandona existe uma tranquilização por parte do Apóstolo Paulo de que a pessoa estará livre, ou seja, poderia se divorciar sem qualquer pecado, pois a outra pessoa a abandonou, não tendo ela como seguir com o casamento sozinha", destaca Sanchez.
Violência - Sanchez relata que algumas pessoas têm aconselhado, por exemplo, mulheres que sofrem violência do marido a permanecerem casadas sob o argumento de que não existe previsão para esse tipo de divórcio na Bíblia, então, essas mulheres deveriam aguentar e permanecer casadas mesmo sofrendo violências. "Eu não aceito essa posição. Muitos teólogos têm defendido, e eu concordo, que o uso da violência está enquadrado no caso de abandono abordado por Paulo em a Coríntios 7:15", concorda e completa: "Seria a fase mais drástica do abandono, ou seja, quando o cônjuge simplesmente abandona tudo que deve haver em um casamento e chega ao cúmulo da agressão. Penso que divórcio em caso de violência está totalmente amparado pela Bíblia, além de ser algo necessário para proteção da pessoa agredida".
Outras possibilidades
O presbítero alerta que não há nenhuma outra previsão bíblica para o divórcio além das citadas. Assim, tirando esses casos claros e drásticos onde a Bíblia permite o divórcio por conta do coração duro e incrédulo de uma das partes (ou das duas), deve-se tratar os outros casos como casos onde é possível trilhar o caminho da reconstrução do relacionamento. "Não devemos ter em mente que qualquer caso é motivo para divórcio.
Os casos em que a Bíblia não aprova devem ser analisados, para que o caminho da luta pelo relacionamento e pela restauração aconteça com muito amor e respeito e com a ajuda de Deus", considera.