O crime de estelionato, que comumente tem como alvo idosos e pessoas de menor instrução, também busca empresas como vítimas. Na mais nova modalidade de golpe, o estelionatário faz uma solicitação de reembolso de um falso depósito bancário. Para não cair no golpe, alguns cuidados precisam ser adotados.
Segundo relatos de uma funcionária de uma empresa de Brás Cubas, que foi vítima da tentativa de golpe, o criminoso se passou por cliente da empresa para conseguir informações acerca de valores de serviços fornecidos por ela. Em seguida, após depositar um envelope vazio, constando um valor de depósito superior ao que deveria ter sido feito, ele entrou em contato com a vítima solicitando que o estorno do montante extra fosse efetuado.
O estelionatário pediu o reembolso antes do depósito ser processado pelo banco. Desta forma, ao consultar sua conta, a vítima verificou que de fato havia um valor depositado, mas que o mesmo ainda não estava liberado. Isso porque, como ocorre em todos os depósitos, é apresentada ao correntista apenas as informações que estavam na parte externa do envelope depositado, com uma restrição. No entanto, após o processamento, não entra nenhuma quantia na conta, já que o envelope era vazio.
"Ele informou o nome de nosso vendedor e até o valor do serviço. Mas disse que tinha depositado uma quantia a mais, de cerca de R$ 30 mil, e pediu o reembolso. Ao verificar a conta, vi que estava constando o depósito, mas que não estava liberado. Então, disse a ele que, depois que caísse o montante, faríamos o estorno. Ele insistiu bastante, mas como viu que não íamos ceder, desligou e não retornou mais. Ele queria que fizemos isso com urgência porque, após o processamento, íamos ver que nada tinha sido depositado. A preocupação é de que ele venha a fazer isso com algum idoso, que pode acabar acreditando e fazendo a transferência ", comentou.
De acordo com o delegado-assistente e coordenador do Centro de Inteligência da Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, Júlio Vaz Ferreira Neto, não há conhecimento de que casos como este tenham ocorrido na região. "Acho muito difícil que alguma empresa tenha caído nesse golpe, pois hoje em dia há uma certa segurança em relação ao depósito. Por mais que a transação conste no extrato, ela aparece com uma restrição", disse.
No entanto, Ferreira Neto destaca que, assim como ocorre em outras modalidades, alguns cuidados precisam ser adotados. "É preciso ter cautela com a identificação das pessoas com quem se está negociando, seja se você é o comprador, vendedor, recebedor ou qualquer parte envolvida. Esses contatos telefônicos feitos, na maioria com o uso de celulares, dificultam uma identificação posterior. Além disso, é importante fazer a observância dos documentos. No caso do depósito, por exemplo, irá constar a restrição. A informação de transferência apenas não dá tranquilidade. É preciso que o valor conste como liberado", alertou.