Leio e escuto todos os dias, notícias, crônicas e artigos publicados pelos diversos meios de comunicação. Costumo refletir cuidadosamente sobre cada informação ou opinião emitida pelos seus autores. Como o tema da corrupção não sai das manchetes é sobre isso que a maioria fala e escreve. E quase sempre demonizam as canalhices dos homens públicos como se esse fosse o único mal existente. Na verdade, a base dos problemas de corrupção e de impunidade que tanto aviltam nosso país não é formada apenas pelos canalhas políticos, já que canalhas estão por toda parte. Cotidianamente nos chegam notícias de canalhas médicos que colocam os interesses mercantis acima de qualquer valor. Temos os canalhas advogados que se confundem com os criminosos que os contratam. Conhecemos canalhas empresários prontos a burlarem as leis e a corromperem os agentes públicos para a obtenção do lucro fácil. Canalhas religiosos que se aproveitam da miséria e desespero de muitos. Existem canalhas em tantas atividades quanto elas existirem.
Infelizmente, em nosso país, a indecente esperteza é cada vez mais valorizada e vai gradativamente tomando o lugar da ética e da honradez. Um país de tantos homens e mulheres prontos a transgredir com as regras e desrespeitar o direito alheio. Lugar onde as pequenas desonestidades, praticadas sutilmente por muitos, vão constituindo um caldo de cultura apto a produzir os escândalos em grande escala. E esses são cuidadosamente adubados pela canalhice daqueles que patrocinam a impunidade.
Estamos produzindo uma realidade carente da necessária dignidade humana. A mudança desse quadro passa, necessariamente, pela mudança do comportamento de cada um de nós. Precisamos nos incomodar com atitudes que comprometem o ambiente social desejável ao exercício da cidadania. É urgente que todos os que não foram contaminados pelo vírus da canalhice atuem para combatê-lo.
O desafio é produzir um ambiente inóspito para os afeitos à prática da canalhice. É assim que nos oporemos a todos. Principalmente aos que usam a palavra escrita ou falada para transportar meias verdades ou até mesmo mentiras inteiras.