Os custos da obra de duplicação da rodovia Mogi-Dutra (SP-88) no trecho de Mogi das Cruzes aparecem nas planilhas apreendidas ontem pela Polícia Federal, em mais uma ação da Operação Lava Jato, que nesta fase investiga o suposto pagamento de propina, por parte da empreiteira Odebrecht, para mais de 200 políticos do País.
Os relatórios foram localizados durante buscas realizadas em um endereço do executivo da empresa, Benedicto Barbosa Júnior, o BJ, durante a 23ª fase da Lava Jato, em fevereiro, mas só foram divulgados ontem. Entre os políticos mencionados na lista estão os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ) e o ex-governador pernambucano Eduardo Campos (PSB), que morreu em agosto de 2014.
Em uma das folhas apreendidas e datada de 2002, o executivo escreve sobre a obra da Mogi-Dutra, que teve a duplicação concluída em 2004, e que teve custo de R$ 68.730.000,00 sendo "95% do preço do DER" (Departamento de Estradas de Rodagem). Logo abaixo é informado que os R$ 3.436.500,00 foram destinados para o "santo", o que poderia indicar um político beneficiado pela quantia.
Em seguida são anotados termos de mercado e o saldo a executar de R$ 58.030.000,00. No rodapé da página, estão nomes de empreiteiras e construtoras, entre elas a OAS e a Queiroz Galvão, responsável pela obra, com indicações de porcentagem ao lado.
Os investigadores da Polícia Feral ainda apuram se os repasses se tratam de uma contabilidade paralela da empresa, que foi alvo da 26ª fase da Lava Jato e aceitou participar do programa de delação premiada. Ainda não há uma conclusão se os pagamentos são ilícitos.
O juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, decretou o sigilo dos autos que contêm as planilhas da Odebrecht com os nomes de 200 políticos. Em despacho, o juiz também intima o Ministério Público Federal que se manifeste "com urgência" sobre o envio do documento ao STF (Supremo Tribunal Federal). "Para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado", afirmou o juiz.