É interessante pensar na maneira imperativa do profeta Isaias ao falar com o rei Ezequias que se achava em leito de morte: "Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás". Desagradável para qualquer um de nós, que se pusesse no lugar de Ezequias, receber uma mensagem desta, ainda mais sendo pela palavra autorizada do profeta, a quem já está quase passando pelo portal da eternidade. Isaías não veio com missão de extrema unção, e sim de extrema decepção. Ezequias chorou muitíssimo e apelou para o seu passado de vida, na qual, disse para Deus, ter andado em inteireza de coração e que fez o que era reto aos olhos do Senhor. Deus ordenou ao profeta que voltasse ao palácio e dissesse ao rei: "Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; acrescentarei, pois, aos teus dias quinze anos". A segunda palavra do profeta foi menos traumática para Ezequias, apesar de achar pouco quinze anos. Creio que nenhum de nós gostaria de saber o dia da nossa morte, porém Ezequias soube o ano e se esqueceu de por em ordem a sua casa. Com soberba mostrou aos enviados do rei da Babilônia todos os tesouros do seu reino que despertaram a cobiça daquele rei quando os seus emissários lhe relataram tudo que viram. Outra vez o profeta veio ao rei Ezequias com mensagem negativa: "Ouve a palavra do Senhor dos Exércitos: "Eis que virão dias em que tudo que houver em tua casa, que os teus pais entesouraram, será levado para a Babilônia e dos teus próprios filhos tomarão para sejam eunucos no palácio do rei". Então Ezequias disse a Isaías: "Boa é a palavra do Senhor que disseste". Pois pensava: "Haverá paz e segurança em meus dias". Ezequias mostrou naqueles dias a sua irresponsabilidade com a geração futura do mesmo modo como pensam hoje os mandatários das grandes nações, após os relatórios das conferências, sobre o risco do nosso ecossistema atingir níveis insuportáveis de poluição que possam impedir a sobrevivência da humanidade daqui a 100 anos: "Pouco importa, até lá não estaremos vivos"!