Era uma tarde de março de 2005. Desabou água em Mogi das Cruzes. Foi o bastante para, em apenas duas horas, transbordar o único piscinão da cidade, derrubar muros de escolas, alagar tudo. Aquela enchente foi considerada a maior dos últimos 50 anos. Comandava a Prefeitura e cheguei a decretar situação de emergência no município. As tragédias também trazem lições.
Pela primeira vez, a cidade teve um Plano Diretor de Macrodrenagem, que indicou a necessidade de mais quatro piscinões - são caríssimos, mas funcionam, haja vista o combate às inundações da área central por causa do reservatório do Parque Santana -, além de canalizações, reconstrução de pontes, alargamento e aprofundamento da calha do Ribeirão Ipiranga e outras. Executamos a maior parte. 
Além disso, obtivemos a liberação, via Caixa Econômica Federal, de recursos da ordem de R$ 70 milhões, a fim de que meu sucessor pudesse dar continuidade à recuperação de áreas degradadas para combater enchentes. É o que o prefeito Marco Bertaiolli (PSD) vem fazendo. 
Mantendo os investimentos nesse ritmo, sem parar, creio que, daqui a 20 anos, os passivos ambientais de grande porte estarão superados em Mogi. É um conjunto de ações que têm de ser implementadas, independente de quem esteja no governo. 
Enchentes ou a crise hídrica são consequências dos malfeitos ao meio ambiente. Reputo a ocupação das áreas de várzeas e de risco como a mais grave, por trazer efeitos dramáticos aos ocupantes e prejuízos aos habitantes de regiões vizinhas. Aqueles que se instalaram por força de antigas disposições legais precisam ser indenizados para deixar o local. Já os invasores devem ser transferidos para moradias de programas como o Minha Casa Minha Vida.
Cada um tem de fazer a sua parte. Cabe ao Poder Público adotar todas as medidas saneadoras e de prevenção às inundações.
Também cabe à cada cidadão contribuir. Falo até de frear maus hábitos, como desperdiçar água ou jogar lixo na rua.
A sujeira vai para bueiros e bocas de lobo, fazendo qualquer chuva virar causa de enchentes.
É preciso exercitar a cidadania e ter consciência de cuidar melhor daquilo que é de todos. Em especial, em tempos de emergência de saúde pública mundial, protagonizada pelo combate ao Aedes aegypti.