Membros da Associação dos Surdos de Itaquaquecetuba (Celibras) estiveram na última sexta-feira no Cartório de Notas e Protesto de Itaquaquecetuba, para conhecer o Sistema de Atendimento a Deficientes Auditivos. O serviço, que está disponível para todos os cartórios do Estado de São Paulo desde o último dia 18, tem por objetivo atender as necessidades deste público-alvo, bem como as determinações da lei n°13146/15, que regulamenta a prestação de serviços às pessoas portadoras de deficiência.
Na ocasião, a diretora de comunicação da Celibras, Rosângela Almeida, que também possui deficiência auditiva, destacou os benefícios gerados pela iniciativa da Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo (Anoreg/SP). "Ações como essas são muito importantes, porque muitas vezes o deficiente auditivo precisa utilizar algum serviço do cartório e acaba não indo por conta dessa dificuldade de comunicação. O software faz com que nós tenhamos a oportunidade de corrermos atrás de nossos direitos, usufruindo dos serviços como todos os demais", disse.
O Sistema em questão integra o atendimento presencial no cartório a um intérprete de libras via teleconferência, responsável por intermediar a conversa entre o atendente e o deficiente auditivo. A utilidade do software, bem como a facilidade de comunicação que o mesmo proporciona pôde ser comprovada pela equipe de reportagem, que contou com o auxílio para realizar a entrevista.
A diretora destacou ainda que o desejo é de que a estrutura também seja implantada pelos demais prestadores de serviços, sejam eles órgãos públicos ou privados. "O atendimento a deficientes auditivos é muito precário em vários locais. Esse é um exemplo de que as coisas podem sim ser melhoradas", comentou.
Para o tabelião Arthur Del Guércio Neto, responsável pelo cartório e organizador da visita, a expectativa é de que a iniciativa traga mais independência aos usuários. "A dificuldade de comunicação faz com que os deficientes auditivos deixem de procurar os serviços. Nos últimos quatro anos, por exemplo, acredito que apenas dois ou três estiveram no cartório. A ideia de trazer os membros da Celibras foi, justamente, para que tenham conhecimento da existência do sistema e ajudem a divulgar", informou.
Del Guércio ressaltou ainda a importância de se promover a acessibilidade. "O que estamos vendo hoje parte do propósito de atender bem. Tornar os serviços e os direitos acessíveis a todos não deve ser visto como uma obrigação legal, porque está no estatuto, mas sim como parte da prestação de um serviço satisfatório. E o que mais marca, para mim, é a satisfação desses deficientes auditivos em estar fazendo as coisas sozinhos, sem depender de ninguém", destacou.
O segundo secretário da Celibras, Lucas Costa, por sua vez, destacou os benefícios da iniciativa em relação aos aspectos logísticos. "Atualmente, há cerca de 7 mil surdos em Itaquá. Quando notamos que a presença deles no cartório é rara é porque eles vinham acompanhados de outra pessoa ou pediam para terceiros resolver as questões para eles. Com o sistema, isso muda. Isso sem falar que muitos acabavam contratando intérpretes, o que não é barato. Há profissionais que cobram cerca de R$ 40 a R$ 60 por hora", concluiu.