A crise provocada pela operação "Lava Jato", que se eterniza como extensa novela, não para de apresentar novidadeiros capítulos.
Em um deles, dos mais recentes, número considerável de advogados apresentou críticas ácidas à atuação do estelar magistrado Sérgio Moro.
Repercutindo, receberam prontas respostas através dos que se sentiram ofendidos.
Entre eles, sabe-se lá por quais cargas d'água, eis que não participa da contenda, as advindas do promotor de justiça paulista, Roberto Livianu, que ganhou página integral em jornal de grande circulação.
Na entrevista, o acusador estatal principia por dizer que, embora insinuassem que defendem interesse público, os causídicos subscritores se apegavam a outros, privados.
Talvez tenha se esquecido, o solerte senhor, que o direito de plena defesa embute-se no devido processo legal, que, artigo constitucional básico de país democrático, derrama-se sobre toda a sociedade e exige estrito cumprimento.
Portanto, ter a discussão encetada, como particular, fere a sensibilidade até dos incultos em leis!
A seguir, perde-se em números e elocubrações, ao ensejar que das nefastas "delações premiadas", tão comuns hoje em dia, 80% delas "são espontâneas".
Confesso que não entendi bem! Deixa no ar o "fiscal da lei", que as outras, 20%, foram "obtidas" (sabe-se lá como), e ainda defende, com unhas e dentes, o instituto!
Vai além, ao alertar para o fato de que os defensores falam em nome "de cidadãos que cometeram graves violações".
Aqui a questão impõe ainda maior atenção.
Sob sua ótica, portanto, os "acusados" (a grande maioria não foi ainda julgada), considerados perigosos ou não, merecem defesas ou devem se submeter, sem reclamar, à sanha acusatória do Estado, aos desmandos de seus servidores!
À evidência, suas palavras não servem para traduzir o comportamento de uma histórica instituição, respeitável e necessária ao extremo, mas que, deve-se convir, saiu arranhada por tão estranhos e injustos juízo de valores!