Num desses grandes parques de diversão norte-americanos, parei um pouco e comecei a analisar: não há dúvida de que o ser humano seja dúbio e muitas vezes, contraditório. A ambiguidade faz parte da natureza das pessoas e basta observá-las para constatar isso. As atitudes que contemplamos, especialmente, em relação a alguns comportamentos e sentimentos nos revelam isso, de forma que é interessante ter essa dimensão para poder melhor interpretá-las, já que explicá-las ou justificá-las seria difícil. De uma forma muito clara, a tal contradição se manifesta de um modo especial, relativamente ao medo. Sabemos que se trata de uma sensação ou percepção, aparentemente ruim, mas que tem seus bons componentes, à medida que nos afasta de cometer uma série de ações absurdas e por que não dizer, letais, contra nós mesmos. Aparta-nos, constantemente, de perigos e acidentes. Em geral, ninguém gosta de sentir medo e dele procura fugir, mas aí está o que intriga: muitas pessoas, senão a maioria delas, em certas ocasiões, desejam o medo e até o perseguem. É o caso das que apreciam filmes de terror, das que frequentam parques de diversão com brinquedos radicais, como montanhas russas e afins, dos adeptos de práticas de risco como o rapel, bungee jumping, dentre outros. Os que não aderem a isso são considerados fracos e medrosos, mas será isto, de fato, ou seu raciocínio é, simplesmente, o mais lógico? Se não preciso ficar apreensivo, tenso ou coisa parecida, por que ficaria? É claro que existe uma tênue linha entre a covardia e a responsabilidade! Enfim, é mister compreender as ambiguidades e as preferências de cada um, mas é inteligente também, respeitar a lógica.