A confusão protagonizada pela torcida organizada do São Paulo acabou com os planos de um fim de domingo tranquilo na Vila Industrial. O embate de torcedores com a Polícia Militar e guardas municipais assustou os moradores que vivem no entorno do estádio municipal Francisco Ribeiro Nogueira, o Nogueirão. As pessoas evitaram sair das residências até que o tumulto fosse dissipado. De acordo com o secretário municipal de Segurança, Eli Nepomuceno, 32 pessoas ficaram feridas durante a confusão, nos quais 15 torcedores, 16 funcionários que cuidavam da segurança da partida e um policial militar.
O aposentado José Gregório dos Reis, de 82 anos, viveu momentos de terror e agonia em sua casa, que fica em frente ao estádio. Ele acompanhava a partida entre São Paulo e Rondonópolis pela Copa São Paulo de Futebol Júnior e saiu antes da confusão começar. "Não estava me sentindo muito bem por isso decidi voltar para minha casa, mas quando cheguei ao portão de entrada me falaram que tinha muita gente para fora e que não conseguiria sair. Depois de um tempo consegui deixar o local e voltar para casa antes do problema de agravar", esclareceu.
Reis informou que está foi a primeira vez que presenciou um embate entre torcedores e a Polícia Militar no estádio. "Moro aqui há 46 anos e nunca tinha visto nada parecido. Foi um absurdo. Ainda tem pedras e tijolos espalhados pelas ruas. No momento da briga estava com minha esposa em casa e fiquei com medo do torcedores invadirem minha garagem. O vidro da janela da minha vizinha foi quebrado. Ninguém saía de casa. Ouvíamos bombas", ressaltou.
O comerciante William Silva, 36, contou que a família viveu momentos de pânico. "Fiquei muito preocupado pela minha mãe que presenciou a situação e minha esposa estava em casa junto com meus familiares. Todo mundo ficou apavorado. Estava no meu bar e tive que fechar. Meus amigos ficaram apreensivos. A pior parte foi o gás (de pimenta) entrando e ninguém conseguia respirar. Quando vi que a torcida organizada estava vindo já percebi que ia dar confusão", acrescentou.
