Não há quem possa negar a história de conquistas e o papel relevante da Força Aérea Brasileira.
Com heroísmo digno de nota, em velhas e obsoletas aeronaves, escreveu página de glória nos céus da Itália, enfrentando de igual a poderosa aviação alemã.
Vencendo todo o tipo de dificuldade, e contando com o espírito intrépido de vocacionados desbravadores, integrou nossa nação-continente, através do lendário Correio Aéreo Nacional.
Mas, se o seu passado a agiganta, permite que loas sejam entoadas, o presente serve para apequená-la.
Longe das epopeias de outrora, tem se prestado, costumeiramente, a transportar vaidosos parlamentares a festas retumbantes, a ilhas paradisíacas, ou até, o que ainda mais desrespeitoso, para se submeterem a incisões capilares em médicos de renome.
Pois é, dando mais um exemplo de sua decadência, diria, até moral, a instituição propiciou cena insólita e digna de sanções - senão governamental, eis que dali nada se espera, pelo menos a advinda dos protestos populares.
Menino, com 12 anos de idade, e padecendo de grave enfermidade, ocupava lugar prioritário na lista dos que poderiam ter o coração transplantado no Distrito Federal.
Conseguido o órgão seguiu-se novo drama: viabilizar-se a logística, eis que o tempo entre a retirada e a cirurgia era escasso, necessitando-se, para tanto, de avião que se locomovesse até Pouso Alegre - MG, onde, após ligeira viagem, seria entregue a salvadora carga.
E não é que a FAB, notável, como se disse, em outros tempos, rompendo com o seu passado, negou-se a realizar a missão. Desculpa, a de sempre: não dispunha de avião.
Em razão da inércia, mais um brasileirinho perdeu a vida; mais uma família, que paga com os seus impostos os voos das "autoridades," carpe sua dor.
Disparates como esses é que fazem com que o nojo pela política nacional mais se acentue; injustiças tão flagrantes é que acentuam a vontade de pedir o bilhete de volta e deixar este mundo insano. Conteste-me aquele que for contrário!