Em meio a alta do desemprego e o retorno da inflação, o custo de vida, que não para de subir, tem preocupado muitos brasileiros. Para algumas famílias do Alto Tietê, os gastos com despesas básicas registrou aumento de até 35% ao longo dos últimos 12 meses.
A reportagem comparou os gastos fixos de duas famílias, registrados em janeiro e dezembro deste ano. A conclusão foi que independentemente da classe social, as despesas tiveram um aumento significativo, mesmo para aqueles que procuram economizar e reduzir o consumo.
Na casa da poaense Suelli Kerchner Paixão, de 55 anos, onde vivem quatro pessoas, a soma das despesas fixas como energia, água, compra do mês e combustível, subiu de
R$ 1.958 em janeiro para R$ R$ 2.531 em dezembro. Uma elevação de R$ 29,2%.
A conta de luz, por exemplo, que no início do ano ficou em R$ 237 com base no consumo de 470 quilowatts (KW), passou para
R$ 370, mesmo após o número de quilowatts terem sido reduzidos para 408. Isso demonstra os reflexos da alta da energia elétrica, que subiu 52,3% neste ano.
Outro fator que pesou no orçamento da família foram os gastos com a alimentação. A compra do mês, que em janeiro ficou em R$ 1.500, passou para R$ 2.000.
"A gente tem comprado menos. Quando dá acabamos substituindo um produto por outro para tentar economizar, mas, ainda assim, temos gastado mais do que gastávamos antes", disse a professora.
O combustível também foi um dos vilões das despesas. Isso porque no primeiro mês do ano para encher o tanque do veículo era necessários R$ 110. Agora são R$ 150.
Para Sueli, fatores como estes são desanimadores. "Sou funcionária pública e no decorrer do ano não tive aumento salarial. Já as despesas subiram e muito. A gente não vê resultado nesse controle de gastos. Às vezes paro e penso porque estou economizando, pois na prática não tenho nenhum retorno", lamenta.
Situação parecida é enfrentada pelo mogiano Antônio Carlos Veríssimo da Silva, de 47 anos, chefe de uma família composta por quatro pessoas. Ao longo do ano, os custos básicos de sua residência passaram de R$ 542 para R$ 734, um aumento de R$ 35%.
Neste caso os gastos com energia elétrica, que era de R$ 68, passou para R$ 105, mesmo o consumo tendo sido reduzido de
R$ 152 KW para 149 KW. Já os gastos com o mercado, que em janeiro ficou em R$ 380, subiu para R$ 500 em dezembro. A despesa com combustível também sofreu aumento, se elevando de R$ 70 para R$ 100.
De acordo com ele, na tentativa de aliviar o orçamento, as despesas são divididas. "A gente divide tudo para não ficar pesado para ninguém. Mas o que chateia é saber que mesmo fazendo todo esse controle, comprando menos, consumindo menos energia, estamos pagando cada vez mais. Imagine se não fizéssemos esse planejamento?", questionou.