É interessante observar que durante nossas conversas, às vezes, há palavras que nos chocam por serem consideradas injúrias verbais; porém, etimologicamente estão adequadas ao assunto em pauta. No passado, um pastor da nossa igreja usava com certa frequência, no púlpito ou socialmente, a expressão "desgraçado", que nada mais quer dizer do que alguém que perdeu a "graça". Paulo pediu a Deus que afastasse dele um incomodo sofrimento, a resposta foi curta: "A minha graça te basta...". Perder a graça de Deus é perder tudo. Pastor que prega benção tem "casa" cheia, mas se a fala for maldição esvazia o auditório. Minha mãe uma vez relatou à minha mulher que o genro tinha o costume de usar o óleo da cozinha para passar no cabelo, e deixava para trás um melado danado, então, rogou uma praga para que caísse o cabelo dele, mas o que aconteceu é que o cabelo dela começou a cair, então concluiu: "Maldição é dividida, metade vem prá gente!" Se para tantos "maldição" é uma palavra feia não tem lá sua razão de ser porque "maldito" é de quem ou de algo que falamos mal, ao contrário de "bendito" que é de quem ou de alguma coisa que é bem falado. Maldição é usar a dicção para desejar o mal para pessoas ou coisas. Usar nas frases, como se fosse pontuação gramatical, palavrões enfeia a linguagem e não agrada os ouvidos. Deus pode nos amaldiçoar? Há em Israel duas montanhas próximas uma da outra e separadas por um estreito vale, chamados, nos tempos mosaicos do Velho Testamento, de Monte Gerizim e Monte Ebal. No sopé desses montes, distanciados pelo vale, ficavam de um lado seis sacerdotes e do outro mais seis sacerdotes, representando as doze tribos de Israel. Deus ordenou a Moisés que os sacerdotes postados no Monte Gerizim lessem para o povo reunido no vale as bênçãos que haveriam de vir sobre ele se fosse obediente aos seus mandamentos, e do outro lado as terríveis maldições que enviaria sobre a nação judaica se não desse ouvidos em cumprir as ordenanças lidas pelos sacerdotes no Monte Ebal.