Após demonstração explícita de que era abominável fraudador, não só dos cofres públicos, mas das esperanças nele depositadas por tantos brasileiros que acreditaram em suas palavras e intenções, o senador Delcídio Amaral, além de ser trancafiado em cela apropriada para bandidos de seu naipe, mereceu desconsiderações dos caciques do partido que o abriga.
De início, alguns dirigentes, em lógica capenga, ousaram dizer que a sua tramoia fora pessoal, diferentemente dos outros "companheiros" que se haviam participado de desvios, tinham-no feito em favor da agremiação.
Em outras palavras: "roubar" o povo em nome do PT era um daqueles atos que mereciam contemplação, quiça, estátua em praça pública.
Depois, parlapatão por excelência, veio a público o ex-presidente Lula, que, possesso, como se tomado por espírito maligno, ou quem sabe, entornado algumas, escorraçou o combalido colega, tratando-o como "imbecil" que incidira em "burrada".
Palavras de boteco, soaram mal quando provindas de homem que, tendo governado por duas vezes os brasileiros, deveria pautar pela parcimônia e comedimento.
Mas, o que parece que passou ao largo, e mereceria mais atenção eis que dito por alguém com conhecimento de causa, foi frase que repercutiu no intramuros e que ganhou a imprensa.
Em dado instante, segundo interlocutores próximos, ainda indignado, alardeara que "político experiente e sofisticado", o senador "não poderia ter se deixado gravar de forma tão simples".
Abismado, e me culpando pela ingenuidade, enfim, conclui que a raiva destilada em suas palavras, tinha por razão de ser, não o ato ignóbil de autoridade da República, mas sim a maneira grotesca com que ela se deixou prender na ratoeira.
Sob a ótica do antigo mandatário, cometer-se falcatrua mostra-se perfeitamente normal, o que não se pode é deixar rastros, principalmente quando, senhor de vários mandatos ("experiente") logrou a todos por anos a fio?
Alguém ainda duvida que ele conhecia os bastidores do "Mensalão" e do "Petrolão" ?