O aumento do desemprego e a baixa produtividade indica que este pode ter sido o pior ano da história para as indústrias. A estimativa é do diretor regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) no Alto Tietê, José Francisco Caseiro, que destacou ainda o fechamento de 4,8 mil postos de trabalho na região, apontando aumento de demissões em 146% nos dez primeiros meses de 2015 em relação ao ano inteiro de 2014, quando 1.950 postos de trabalho foram perdidos em oito cidades da região.
A avaliação que o diretor do Ciesp faz é preocupante. " O setor enfrenta sérias dificuldades com produção em baixa, desemprego em alta, restrição de crédito, aumento de impostos e, principalmente, falta de perspectivas de mudanças a curto prazo. O principal reflexo da situação atual da indústria de transformação pode ser verificado no nível de emprego", explicou. "Os dados apurados até o momento indicam que 2015 será o pior da história para a indústria brasileira".
Segundo Caseiro, entre janeiro e outubro deste ano o desempenho da indústrias recuou 5,6% se comparado com o mesmo período de 2014. Ele comentou sobre o fato de as empresas brasileiras estarem desacreditadas no exterior por conta da crise. "A incerteza sobre as contas públicas é um dos fatores que contribui para manter em baixa a confiança do empresariado e minar a retomada da atividade no setor. Não tenha dúvidas de que estamos desacreditados no exterior, lá fora, e um dos reflexos disso se dá na suspensão de investimentos no País", avaliou.
O diretor regional do Ciesp também lembrou o fato de algumas empresas terem evitado investimentos neste ano, porém, as que investiram, fizeram em "caráter de continuidade de projetos", para manter as atividades, embora muitas indústrias estão ajustando os quadros de funcionários com o objetivo de reduzir custos. "O planejamento para 2016 visa a sobrevivência. Dependendo de como as coisas evoluírem no ano que vem, será possível redefinir planos".
Caseiro comentou sobre as estratégias que muitas companhias adotaram para conter os gastos, como redução de jornada, férias coletivas e até layoff. "No dia a dia, a maioria das empresas está passando por dificuldades e, dentro da necessidade de cortar despesas para sobreviver, rever os contratos com os seus funcionários é imprescindível. Mas quando se esgotam as alternativas e não há uma perspectiva de mudança no cenário econômico e político, as demissões acabam sendo uma medida inevitável", disse, destacando que, praticamente, metade das indústrias da região devem suspender as atividades no final deste ano.
"Os números e a realidade das indústrias são muito preocupantes para todos, pois a indústria está entre os setores que mais geram impostos e renda nas cidades. Se não produz, ela reduz o recolhimento de tributos e demite funcionários", avaliou Caseiro. "As expectativas para 2016, infelizmente, não são as melhores e a quem diga que 2015 pode até deixar saudades. Da nossa parte, temos que continuar lutando, com todas as nossas forças, para que o Governo Federal promova um ajuste fiscal sério, focado na redução de gastos e não na criação de mais impostos. A recuperação do setor está atrelada com ações que o Governo Federal vier a adotar".
No Alto Tietê, os setores mais afetados com a crise, segundo José Francisco Caseiro, são os de artefatos de couro, calçados e artigos para viagem; impressão e reprodução de gravações; metalurgia; móveis; e produtos de madeira. " O setor de metalurgia é o mais impactado, visto que representa a maior parcela das atividades nas indústrias da região".