Em solenidade na noite desta terça-feira, 24, o Legislativo de Mogi das Cruzes homenageou os 135 anos da imigração libanesa no Brasil, entregando placa de aço escovado por “Honra ao Mérito” a Mohamad Ahmad Saada, presidente da Sociedade Cultural Beneficente Islâmica de Mogi das Cruzes. A estimativa é de que Mogi das Cruzes abrigue cerca de 30 mil libaneses e descendentes.
A iniciativa obedece a requerimento do vereador Cláudio Miyake (PSDB) e a decreto 017/2005, do ex-vereador Nabil Safiti, que instituiu na Cidade o “Dia da Imigração Libanesa”, comemorado anualmente na semana do dia 22 de novembro.
Os trabalhos legislativos ficaram a cargo do vereador Pedro Komura (PSDB), auxiliado pelo vereador Jean Lopes (PC do B), primeiro-secretário. Além de Saada, compuseram a mesa diretiva o ex-vereador Nabil Safiti, o professor e ex-vereador Miled Cury Andere, da Associação dos Expedicionários Mogianos, o sheikh Hosni Abdelhamid Mohamed Youssef, Eliana Mangini, secretária municipal de Assistência Social, representando o prefeito Marco Aurélio Bertaiolli (PSD), o padre Cármine Mosca, representando o bispo dom Pedro Luiz Strighini, Youssef Franciss, presidente do Conselho Superior de Imigração Libanesa no Brasil e José Cury Filho, vice-prefeito de Biritiba Mirim.
O evento contou ainda com Fádua Sleiman, da Associação Comercial de Mogi das Cruzes, com o sheik Eid Ali Khalifa, de São Miguel Paulista, e com Hassam Ibrahim Saleh, presidente da Associação Recreativa Cultural e Beneficente Islâmica de São Miguel Paulista, entre outras autoridades e cidadãos da comunidade libanesa.
Myake iniciou agradecendo o ex-vereador Nabil Safiti. “Quero pedir uma salva de palmas para o sempre vereador Nabil Safiti, autor deste decreto. Muito obrigado pela oportunidade. Além disso, também estamos comemorando, por meio de um requerimento, a celebração dos 135 anos do início da imigração libanesa no Brasil”, disse.
Miyake falou ainda sobre a força de trabalho dos imigrantes libaneses. “As histórias dos libaneses têm algo em comum: são vidas de muita batalha e suor desde os primeiros dias em que chegaram ao nosso país. É uma importância muito grande que esta comunidade tem. Falando com muitas pessoas na nossa cidade, cheguei à conclusão de que é impossível não ter algum amigo, familiar, um médico, um prestador de serviço ou algum conhecido que seja de origem libanesa. Não dá para imaginar Mogi sem o trabalho e o serviço da comunidade libanesa”.
O vereador Nabil Safiti também falou. “Temos de 6 a 8 milhões de libaneses no Brasil. É mais do que existe no Líbano. Os libaneses que vieram para o Brasil vieram para ajudar a crescer e a construir, principalmente em nossa Cidade de Mogi das Cruzes”.
Youssef Franciss, presidente do Conselho Superior da Imigração Libanesa no Brasil, foi outro a discursar. “Os primeiros libaneses vieram para trabalhar e enriquecer. Um em cada mil voltaram ao Líbano. Porque a maioria não quis mais deixar o Brasil, esta terra abençoada. Junto com os brasileiros trabalharam para erguer esta nação: fizeram sucesso na medicina, na cultura, no comércio, na política e em outros segmentos. Libaneses são o símbolo de trabalho e honradez”, disse.
Eliana Mangini representou o prefeito. “Trago aqui um abraço do prefeito Marco Bertaiolli, que está em Brasília fazendo palestra sobre o ensino em período integral. Os libaneses são pessoas trabalhadoras que desbravaram o país, sem conhecer a língua, com todas as dificuldades. A comunidade ajudou nossa cidade a crescer e até hoje eles constroem o nosso município. Só temos a agradecer e parabeniza-los”.
Mohamed Saada, representando a comunidade prestigiada nesta noite, lembrou as dificuldades por quais passaram os imigrantes. “A responsabilidade de falar em nome de todos os descendentes de libaneses radicados em Mogi das Cruzes e região é muito grande. Aproveito para falar com orgulho da minha ascendência materna e paterna libanesas, que passaram valores éticos e morais aos descendentes. Levaram energia e conhecimento aos quatro cantos do mundo. Os libaneses vieram com força de trabalho, com vontade de vencer e muita tolerância para se adaptar a ambiente tão diferente de sua terra natal. Os problemas encontrados pelos primeiros imigrantes, as razões da imigração, a língua, a diferença de alfabeto e muito mais foram superados. O povo ainda assim conseguiu manter a unidade cultural para preservar as milenares tradições. Os libaneses de hoje dão exemplo de democracia em sua terra natal”.
História
A embaixada do Líbano no Brasil afirma que há quatro grandes fluxos de imigração de libaneses para solo brasileiro: de 1850 a 1900, de 1900 a 1918 e o de 1918 a 1950, que abriga duas etapas diferentes. A relação libano-brasileira antecede a própria independência do país árabe, cuja soberania foi conquistada em 1943.
Em 1876, depois de conhecer alguns libaneses já estabelecidos no Brasil – e de ficar impressionado com a cultura- o imperador dom Pedro II resolveu visitar o Líbano e, em Beirute, convidou o povo libanês para imigrar para solo brasileiro, movimento que seria intensificado quatro anos mais tarde.
Atualmente o Brasil abriga a maior colônia árabe fora do país de origem do mundo. Lei aprovada no Congresso Nacional também instituiu o dia 22 de novembro como o Dia da Comunidade Libanesa no Brasil. Há cerca de 8 milhões de libaneses e descendentes no País.