No ano que vem teremos eleições municipais e já se inicia a corrida visando a transferência de partidos.
Comum o fenômeno no cenário brasileiro, embora não surpreenda, obriga a reflexão.
Isso porque, diz-se, e é verdade indiscutível, que se as agremiações políticas nunca foram fortes entre nós, a partir do renascimento democrático, após o hiato provocado pelo golpe de 1964, mais se debilitaram. Não se resume a isso, no entanto, a demanda por novas siglas.
Há que se abrir os horizontes e se analisar, por exemplo, o papel nefasto dos caciques políticos, dos "donos das legendas", que olhando apenas o próprio umbigo, atentos à permanência no poder, movem as pedras em direção àquele que mais poderá auxiliá-lo no futuro, quer com quantias, quer com um discutível prestígio pessoal.
À semelhança com os ultrapassados coronéis de patentes compradas, senhores feudais em seus domínios, após o protocolar beija-mãos em locais de nomeada (hotéis de renome), por exemplo, analisam os lucros, pesam os "dotes" que lhes são ofertados, bandeando-se para aquele de maior peso.
Frustrando expectativas, para os seus deleites quem sabe, castram lideranças e nos relegam á mesmice; impedem que conheçamos nomes promissores.
Afinal, interessaria o surgimento de novel líder, imbuído de bons princípios, avesso a corrupção, que se tornassem sombras aos "ungidos" por graça própria?
Volta e meia a mídia - diferentemente de outrora, hoje menos conchavada -
noticia as pretensões deste ou daquele, para, quase em seguida, publicar entrevista, onde, frustrado por não conseguir a desejada benção, acena o desencantado, com a troca de partido.
Mais que mudança política, urge que se mudem as mentes tacanhas dos "chefões" que assim se portam. De nada valerá a norma jurídica se no intramuros continuarem a ser preservadas regras mesquinhas e arbitrárias, que, impedindo a renovação, preservam isso que aí temos, e que, salve dignas exceções, nos enoja, tem merecido o justo repúdio da sociedade!