A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir o financiamento privado de campanhas políticas recebeu o apoio da maioria dos políticos da região. Processos eleitorais mais transparentes, o fim de possíveis acordos entre candidatos e empresas financiadoras e o incentivo para pleitos com mais debates e menos propaganda são algumas das justificativas dadas por vereadores e deputados para apoiar a mudança na Lei dos Partidos Políticos e na Lei das Eleições.
Pela regra atual, as empresas podem doar até 2% do faturamento bruto obtido no ano anterior ao da eleição. Para pessoas físicas, a doação é limitada a 10% do rendimento bruto do ano anterior, sendo que esta última está mantida.
Para o deputado estadual Marcos Damásio (PR), uma campanha eleitoral de sucesso não depende apenas de dinheiro. "Sou totalmente favorável à decisão do STF. Acredito que para fazer uma boa campanha não é preciso milhões de dinheiro, o que tem de prevalecer é o prestigio, o caráter e as ideias do candidato. As empresas que financiam campanhas vão certamente, de uma forma ou outra, cobrar esse 'apoio' no futuro", declarou.
O parlamentar ressaltou ainda que, com a decisão da Corte, o país caminhará para uma democracia de fato. "Valerá o candidato por ele mesmo, por seu histórico, por suas propostas". O deputado André do Prado (PR) compartilhou a mesma opinião. "Representa uma forma de reduzir as desigualdades existentes no processo eleitoral. Não eram todas, mas sabemos que algumas empresas buscavam contribuir com as campanhas que apresentavam as propostas condizentes com os seus ideais, o que deixava a disputa desleal".
O deputado Luiz Calos Gondim Teixeira, (SDD) disse que as novas determinações sobre as doações para campanhas eleitorais podem acabar favorecendo os candidatos que não têm muitos recursos para investir em campanhas. "As mudanças podem ajudar especialmente aqueles que já tenham um projeto político e um nome consolidado entre os eleitores". Ele destacou ainda que os pleitos teriam mais transparência se tivessem financiamento público e defendeu uma melhor divisão das verbas partidárias entre os candidatos de cada legenda.
Para o vereador Vanderli Ferreira Dourado (PT), o Derli do PT, a determinação é válida, mas precisa de um complemento. "Eu defendo o financiamento público das campanhas. A população precisa entender que ela faz parte da democracia. De qualquer forma essa nova regra já coloca os candidatos em pé de igualdade".
Único político entrevistado pelo Dat contrário a proibição das doações, o presidente da Câmara de Suzano, Denis Cláudio da Silva (DEM), afirmou que a decisão do STF é um retrocesso. "Eu avalio que esta decisão é um retrocesso muito perigoso para o processo eleitoral do Brasil. As doações para campanhas eleitorais já estavam no caminho certo da legalidade. O PT conseguiu 'sujar' algo que já estava transparente", concluiu o democrata