O movimento "Mães de Maio" esteve, ontem, em Mogi das Cruzes para fortalecer o grupo de mães que perderam os filhos nas chacinas que ocorreram no município, nos últimos meses. Mas, muitas mulheres preferiram ficar no anonimato e não compareceram ao encontro que ocorreu na Câmara de Vereadores, junto ao parlamentar Iduígues Ferreira Martins (PT), que é presidente da Comissão de Direitos Humanos. O encontro foi marcado por comoção e pedidos de justiça.
Apenas uma mãe de Mogi compareceu ao encontro. Lucimara dos Santos, de 43 anos, é mãe de Cristian, que foi assassinado aos 17 anos, no dia 24 de janeiro, no bairro Caputera. Ele era seu único filho. "Meu filho estava na calçada comendo esfiha, quando chegaram atirando. Ele não bebia, não usava drogas. Ele estudava", contou. 
Assim como as "Mães de Maio", as mulheres de Mogi pretendem organizar um grupo na cidade para clamar por justiça. "Depois desse encontro, esperamos conseguir encorajar as mulheres que também tiveram seus filhos mortos. Com um movimento respeitado como o 'Mães de Maio', acredito que trará mais segurança. O movimento deve ter, aproximadamente, 30 mães mogianas", destacou Lucimara. 
A mãe mogiana ainda contou que as outras mulheres têm medo de aparecer, mas disse ter o mesmo receio. "Quando para um carro perto da minha casa, eu também fico com medo e penso: 'será que vão me matar porque eu tenho me manifestado?'", revelou. "Não encontrei ajuda de ninguém. Sei que meu filho nunca mais vai voltar. Não tiraram só a vida do meu filho. Tiraram tudo de mim, mas tenho esperança de justiça".
"Não queremos vingança. Queremos justiça", destacou a coordenadora e fundadora do movimento "Mães de Maio", Débora Maria Silva, que perdeu seu filho, de 24 anos, em maio de 2006, em uma das chacinas que ocorreram em São Paulo. "O movimento nasceu em Santos, mas já ultrapassou as fronteiras do Estado. Hoje damos apoio à mães de todo o Brasil e até do México", contou. "Outras mães estão passando pela mesma dor que passamos há 10 anos. Os assassinos têm nome e sobrenome. Mataram, nossos filhos e nos mataram aos poucos. Somos mães que exigimos respostas".
As cinco mães de maio que compareceram ao encontro, em Mogi, também chamaram a atenção para a impunidade desse tipo de crime, pois muitos inquéritos são arquivados. "Nós demos a vida e não a morte. Não vamos aceitar que o Estado aborte nossos filhos", disse Débora, destacando que apenas um acusado, que é policial, foi punido no ano passado. Momentos de comoção também fizeram parte do encontro. Em um coro, todas as mães gritaram juntas: "Os nossos mortos têm voz. Os nossos mortos têm mãe" e finalizaram o encontro de mãos dadas em um minuto de silêncio.