Há 80 anos evoluindo para atender as demandas da comunidade de Poá essa é a missão da organização social Reino da Garotada, destaque do Café com Mogi News desta terça-feira (30), produzido com apoio da Padaria Tita. O novo episódio marca também uma pausa temporária no projeto do Grupo Mogi News para dar ênfase a cobertura em torno das eleições municipais, que serão realizadas em outubro. A entrevistada é a assistente social Fabrícia Andrade, que trabalha na instituição há aproximadamente 16 anos.
"O Reino nesse ano está em festa, fez 80 anos de fundação 30 de janeiro. Estamos muito contentes de conseguir manter esse projeto há tantos anos. O Reino foi fundado em 1944 pelo padre Holandês Simon Switzar, ele foi o segundo pároco de Poá, vendo a necessidade do local. Naquele tempo, era muita criança na rua, as mães solos, às vezes era difícil de arrumar emprego. Ele foi vendo a necessidade da região, e fundou o Reino da Garotada. No início, como internato para as crianças", contou Fabrícia.
A diretoria da entidade, segundo a entrevistada, fez uma parceria com as irmãs catequistas do Sagrado Coração, que cuidavam das meninas e os padres dos meninos. "O reino acompanha muito o tempo, as leis, a história. Então com passar dos anos, a necessidade maior já não era mais o internato, que hoje é conhecido como acolhimento. Infelizmente ainda é necessário hoje em dia, e tem instituições serissímas que se importam e trabalham com isso, mas o Reino desvinculou. O reino fundou a creche porque foi vendo que a necessidade da época já eram outras", explicou a assistente social.
Atentos às demandas da comunidade de Poá, a creche foi fundada e já tem mais de 40 anos. Com o tempo, destacou Fabrícia, foram criados também os cursos de qualificação profissional, o serviço de convivência, e outros projetos, como o Jovem Aprendiz. "Chegamos em torno de mil atendimento, se a gente contar todas as nossas parcerias. Mas, na creche, por exemplo, temos 230 crianças atualmente. Eles são de quatro meses até três anos e 11 meses. Atualmente nós atendemos 10 salas", disse.
O Reino da Garotada atende pessoas de toda a cidade, e especialmente na creche, onde as crianças passam o dia aprendendo e brincando, com cinco refeições diárias e acompanhamento de profissionais qualificados, a procura é grande, na maioria de família em situação de vulnerabilidade. "É um serviço de qualidade bem procurado no município", complementou Fabricia.
Projetos
Depois da creche, crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos de idade são atendidos pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, no setor chamado de Centro da Juventude. "Eles ficam o meio período na escola e meio período na entidade. A maioria são de famílias bem vulneráveis, ou passando por alguma questão de quebra de direitos, e foram destinados para fazer acompanhamento e atividades socioeducativas", salientou a assistente social, destacando o trabalho em prol da formação cidadã e do meio ambiente, com o projeto da horta.
O elo do Reino da Garotada alcança mais uma faixa etária, depois dos 15 anos, com cursos de qualificação profissional oferecidos, em parceria com o Senai, para jovens e adultos, inclusive pessoas desempregadas em busca de novas oportunidades. "Com o passar dos anos foi modificando. Antigamente o nosso público era mais jovem mesmo, no ensino médio. Hoje não, a gente já tem esse público que procura uma melhor formação para retornar ao mercado de trabalho", destacou Fabrícia, citando os cursos de panificação, corte e costura, marcenaria, tapeçaria, logística e informática.
O Senai é um dos grandes parceiros da entidade. "O gestor do Senai vai até o Reino, acompanha toda a grade, a formação. Então é uma parceria bem sólida e também é muito importante para quem está fazendo o curso. O certificado vem com peso para o mercado de trabalho, é um diferencial", ressaltou a entrevistada.
Terceiro setor
Mais que a assistência social, o Reino do Garotada propõe a transformação social. "É mostrar para aquela família que eles têm direitos, o que existe no município e o que eles têm que procurar fora. A partir dessa acolhida, a gente vai conhecendo um pouquinho a família. Às vezes a gente começa pela criança ou pelo adolescente, e aos poucos, você vai atingindo também a família. Junto com a família é claro, é aonde eles permitirem dar esse andamento social para a vida deles", destacou Fabrícia.
O terceiro setor, aliás, é uma paixão na vida da assistente social. "Eu tenho dois amores, que são os números. Eu trabalhei muito tempo no mercado também, na parte financeira de supermercado mesmo. Só que a área social sempre me chamava e eu ficava naquela indecisão. Mas, o lado social chamou mais que números", contou assistente social formada pela Universidade Cruzeiro do Sul, que desde 2008 atua na área, sendo que caminha para o 17º ano no Reino da Garotada. Aos 42 anos, ela é casada, mãe da Sofia, de 13 anos, e do David de 10 meses.
Evolução e parcerias
Em mais de 16 anos na entidade, Fabrícia destacou a renovação constante. "O Reino olha muito essa questão da transformação do tempo, das necessidades. Então, eu vejo que ele vem crescendo, é uma luta muito grande para manter o que tem, as metas, o número de atendidos, de famílias. É uma luta constante para não diminuir, mas a gente sempre vem escrevendo projetos, tentando novas coisas", contou. Entre os parceiros, além do Senai, estão o Banco do Brasil, os supermercados Veran e a TMKT. A entidade também conta com verba pública para manter suas atividades, vindas do município, do Estado e do governo federal. "A gente sempre tá buscando dentro dos nossos projetos, novos parceiros", completou.
"Nós temos 45% é de gastos do Reino que são cobertos por verba pública, os outros 65% o Reino tem que ir à luta mesmo. Essas receitas vêm através de doações. Nós temos alguns colaboradores, doadores, festas e eventos que a gente faz. Você pode ser um doador mensal ou esporádico. A gente tem um setor de captação de recursos que tenta essas parcerias", afirmou a entrevistada, ressaltando a festa junina realizada no dia 8 de junho, um diferencial não apenas para a captar recursos, mas pela movimentação cultural na comunidade. Um almoço deve ser realizado em setembro também para arrecadar fundos, e em dezembro, o bazar de novos, tendo à venda itens feitos nos cursos profissionalizantes.
Para Fabrícia, a expectativa é grande para o crescimento do Reino da Garotada. "Eu vejo o futuro do Reino bem grandioso se a gente conseguir manter todos esses projetos, porque ele é muito bem visto na comunidade. É um local de transparência. Se você chegar e falar: 'Ah, eu quero visitar, quero conhecer', as portas são abertas. A comunidade tem muita confiança no trabalho". Entre os desafios, a manutenção do espaço de 90 mil metros quadrados criados pelo padre há 80 anos.
Por fim, o convite da assistente social é para conhecer e colaborar com a entidade: "Você pode fazer sua contribuição mensal, livre, pode ir até o local também doar e conhecer. E não só doação em dinheiro, a gente também aceita roupas e móveis. A gente aceita vários tipos de doações que de alguma forma podemos ajudar a doar, repassar para as famílias. E também temos um bazar de usados toda sexta-feira, aberto a comunidade, e tudo que é doado a gente coloca lá, e isso é revertido também em verba para os projetos".
O Reino tem como coordenadora geral Roseli Lopes e uma diretoria formada por voluntários, sempre atentos às demandas da comunidade. Saiba mais sobre a organização pelo site www.reinodagarotada.org.br e siga no Instagram @reinodagarotadapoa. Doações podem ser feitas pelo PIX: 55.026.231/0001-66.
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