Nesta terça-feira (26) chega ao fim o especial 'Mês das Mulheres' no Café com Mogi News, destacando profissionais que conquistaram seu espaço em profissões de maioria masculina. Destaque hoje para a motorista carreteira Éricka Bianca de Assis Nicolau, que em maio completará 34 anos. Com experiência como cobradora de ônibus, depois motorista e instrutora de carreta e ônibus, foi a partir do programa "Mulheres na Direção', da JSL, que ela ganhou a oportunidade de conquistar as estradas. Há cerca de três anos ela começou no Centro Logístico Intermodal, em Itaquaquecetuba, e recentemente passou a trabalhar em Centro de Distribuição na cidade de Osasco (SP). A entrevista foi realizada com apoio da Padaria Tita.
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Para Ericka, o projeto 'Mulheres na Direção' ajudou bastante e ainda está ajudando a ela e outras mulheres. "Não é só esse projeto, como muitos outros projetos em outros Estados. Tivemos as mulheres carreteiras, para empilhadeiras e outros que estão por vir. Assim vai dando oportunidade para todas mulheres que acham que não vão conseguir, e conseguem. Nada é impossível”, disse a motorista. O programa vai além das questões técnicas e também aperfeiçoa comportamentos e outras habilidades.
A motorista também destacou a importância da troca de experiências com as outras participantes e como está aberta a aprender sempre: "Cada dia a gente aprende uma coisa. Não é porque eu tenho uma trajetória de vida, que todos os dias eu não aprendo uma coisa, e do mesmo jeito que eu pude ensinar, também aprendi com todas elas, e hoje estou aí. Tudo que eu posso ensinar, que eu posso ajudar, eu sempre estou ajudando. Nós seres humanos não podemos guardar a nossa experiência temos que transpassar". Ela conta que gosta de conversar com motoristas mais experientes, que foram onde ela ainda não esteve para pegar dicas importantes das estradas que ainda vai percorrer.
Na sua trajetória, cada desafio se transforma em um novo aprendizado, como na ida recente para Pernambuco. "Eu nunca tinha ido e fui com um parceiro de trabalho. Falei para o meu chefe: 'preciso ir com alguém que conhece porque eu nunca fui'. Por mais que eu tenha minha experiência, minha trajetória, eu não tenho vergonha de falar. Não adianta eu bater no peito e dizer: 'eu sou a Ericka, motorista carreteira,, eu sei tudo, mas eu não sei nada, Cada dia a gente tem um aprendizado", contou. Ela disse que pensou em desistir, mas foi encorajada a continuar e completou a viagem. "A profissão é para quem gosta, não adianta ser por hobbie ou status, tem que gostar", completou.
Entre os colegas de trabalho, a motorista conta que todos sempre foram bastante receptivos, mas entre os demais carreteiros, ela acredita que falta união. "Eles se sentem como se fossem ameaçados, e disputa tem em todo lugar, mas a gente não tá aqui para disputar nada com ninguém, cada um está ali para fazer o seu trabalho. A nossa classe tem que ser mais unida, porque não é fácil a gente sofre muito descaso, no quesito geral tanto feminino, como masculino. São dias esperando para carregar, para descarregar, um sofrimento", afirmou.
Para a entrevistada, entre as mulheres é grande o apoio. "O legal é que é uma incentivando a outra. Se eu chego em um ambiente com a minha carreta, você acaba incentivando e dando coragem para outras mulheres. Essa mulher que está te vendo, acaba até vindo conversar com você, perguntando o que você fez, como a gente lida com esse processo", relatou.
O maior desafio, segundo Ericka, é a distância da família, mesmo com as facilidades da tecnologia hoje. Ela passa a semana em Osasco e vem para a casa apenas no fim de semana.
Ela conta ainda que vem trabalhando mais internamente. Por ter o curso de instrutora tem recebido os motorista que chegam para atuar no Centro de Distribuição de Osasco., um serviço terceirizado da JSL. Porém, ela não pretende deixar completamente as estradas. "No futuro, penso lá na frente, em crescer e crescer. Gosto dessa parte de passar o que eu sei, poder encorajar outras pessoas", destacou.
Para outras mulheres que querem seguir o mesmo caminho, Ericka deixou uma mensagem: "Costumo dizer essa frase que a gente aprendeu: 'lugar de mulher é onde ela quiser'. Independemente qual seja a sua dificuldade, qual seja o âmbito que você convive, se você quer, se você gosta, pode acreditar que você consegue, basta você querer. E essa força tem que vir de você, não de terceiros. Nunca se preocupe com o que os outros vão achar, o que vão dizer, o que vão falar, como vai ser quando chegar nesse ambiente, como vão me recepcionar,, quem faz o ambiente somos nós mesmos, seja homem ou mulher", finalizou.
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