O Café com Mogi News desta terça-feira (27) entrevista Lucas Monteiro, escrivão de Polícia Policial Civil, pelo Setor de Investigações Gerais (SIG) da Delegacia Seccional de Polícia de Mogi das Cruzes, Demacro. Na entrevista, o especialista fala sobre crimes cibernéticos e dá dicas de como não cair em golpes virtuais, que segundo ele, estão em constante evolução.

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Com mais de 20 anos na polícia, o escrivão passou por diversas unidades, incluindo o cargo de chefia de Delegacias, como o 22º Distrito Policial - São Miguel Paulista, 53° Distrito Policial - Parque do Carmo e 49° Distrito Policial - São Mateus. Em 2015, foi convidado a chefiar a Delegacia Seccional de Polícia de Taubaté, responsável por 10 municípios da região, e no ano seguinte, atuou no Departamento de Investigações Contra o Crime Organizado, DEIC. O convite para compor a equipe policial que coordena o SIG de Mogi das Cruzes, juntamente com o Dr Alex Endo, o Delegado de Polícia Titular, que substituiu o Dr Múcio Matos Monteiro Alvarenga, veio em 2018. 
  
O escrivão explica sobre o trabalho da Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes e como funciona A SIG: ”A Delegacia Seccional de Polícia de Mogi das Cruzes é um órgão da Polícia Civil do Estado de São Paulo, responsável pela coordenação das delegacias de polícia instaladas na região do Alto Tietê, ou seja, coordena as unidades policiais civis territoriais e especializadas nos municípios de Mogi das Cruzes, Suzano, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Poá, Guararema, Biritiba Mirim e Salesópolis”.

Ele ressalta que “além das Unidades Policiais territoriais existentes nessas cidades, também existem as delegacias especializadas, tais quais Delegacias de Defesa da Mulher (DDM), instaladas nessas cidades, a Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso, Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa, Grupo de Operações Especiais e por fim o Setor de Investigações Gerais”. Já o SIG, é a unidade policial da Seccional de Mogi das Cruzes, responsável pelas investigações sensíveis e de maior complexidade, que envolvam crimes contra o patrimônio, assim como organizações criminosas e crimes de lavagem de dinheiro.

Crimes virtuais

O escrivão afirma que os crimes virtuais estão em constante evolução e há diferença entre o crime cibernético e um crime comum cometido pela internet. “Entendo que o crime cibernético é aquele que tem como alvo os sistemas de informação, como a invasão ou obtenção indevida de dados. Já os crimes praticados por meios digitais são todos em que apenas se utiliza do meio cibernético para a prática de um crime, não sendo o fim em si. Por isso, todas delegacias devem deter conhecimento na investigação de crimes praticados por meio cibernético, como ameaças, ofensas, subtração de valores e golpes, praticados por meio eletrônico, restando a apuração de crimes propriamente cibernéticos às unidades de investigação mais por favor oi especializadas”, destacou.

Para o entrevistado a internet facilitou a prática desses crimes. “Na verdade a internet, ao longo dos últimos 20 anos, evoluiu de forma gigantesca. Como poderíamos imaginar como a internet facilitaria a nossa vida cotidiana. Aplicativos em que pedimos comida em nossa casa, pedido de transporte privativo como Uber, grandes marketplaces que entregam mercadorias em menos de 24 horas na porta de nossas casas, serviços bancários 24 horas por dia, aplicativos de relacionamento. Tudo na palma de nossa mão, a partir de nossos smartphones e computadores. Para pessoas inescrupulosas foi vislumbrada a utilização dessas ferramentas, que vieram para facilitar nossas vidas, para a prática de crimes, pois a internet dá a falsa sensação de anonimato para os criminosos”.

Lucas destaca quais são os crimes cibernéticos mais cometidos: 

FRAUDES EM GERAL - ESTELIONATO

Estelionatários enviam falsos e-mails e mensagens SMS, denominados “phishing”, que consistem em tentativas de obter ilegalmente informações como número da identidade, senhas bancárias, número de cartão de crédito, entre outras, por meio de e-mail com conteúdo duvidoso. Outro meio de captar dados é por meios de sites falsos de lojas virtuais e falsos anúncios, nos quais você insere seus dados pessoais e de cartões de crédito. Uma vez de posse desses dados bancários e documentais, compras são realizadas em nomes das vítimas.

FALSOS ANÚNCIOS DE VEÍCULOS

Sequestradores, integrantes das conhecidas quadrilhas do Pix, veiculam falsos anúncios de veículos. Uma vez que as vítimas interessadas entram em contato com criminosos, são atraídas a pontos de encontros em locais ermos, quando então essas vítimas são arrebatadas. As vítimas são mantidas em cativeiros e obrigadas a realizarem transferências Pix para contas de bandidos. Recentemente investigações do SIG desarticularam duas grandes organizações criminosas voltadas para esse tipo de crime, efetuando a prisão de mais de 20 criminosos, fazendo com que as estatísticas de incidência desse crime grave, quase zerassem nos últimos meses.

GOLPE DO AMOR

A partir de aplicativos de relacionamento, as vítimas são atraídas para falsos encontros, e também são arrebatadas e levadas cativas, sendo obrigadas a realizarem transferências bancárias. Recentemente o 1º Distrito Policial de Itaquaquecetuba, deflagrou uma operação policial que desbaratou uma grande organização criminosa especializada nesse tipo ação criminosa, promovendo a prisão de dezenas de criminosos.

STALKING e VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

No Código Penal há um tipo penal capitulado no Artigo 147-A. - “Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Esse tipo de crime comumente é praticado no âmbito de redes sociais em que pessoas são perseguidas. Então, muitas vezes nossas redes sociais devem ser protegidas e mantidas abertas somente a pessoas do nosso meio pessoal restrito. Muitas vezes a exposição excessiva nas redes sociais abre precedentes às pessoas serem vítimas desse tipo de crime.

O escrivão também lista o hackeamento de contas de redes sociais, clonagem de contas do WhatsApp, golpes do falso boleto, golpes de falsos leilões, golpes do falso empréstimo, o ransonware, (que trata do sequestro de dados armazenado em seu dispositivos, somente liberados mediante o pagamento de valores), a extorsão que consiste da extorsão para não divulgação de fotos íntimas da vítima, obtidas por meio de bate papos.

Investigação 

Ao contrário do que a grande maioria da população imagina, segundo o escrivão, na rede mundial de computadores, na internet, não somos anônimos. "Todas as ações realizadas nesse ambiente são completamente rastreáveis. Assim, a Polícia Civil de São Paulo detém conhecimento e ferramentas técnicas próprias para a realização da investigação e estabelecimento da autoria desses crimes. Cada vez mais, a Polícia Civil vem investindo na capacitação técnica de seus agentes, assim como em ferramentas de inteligência que visam justamente o combate aos crimes praticados na rede mundial de computadores.”

Com base nos rastros que esses criminosos deixam ao praticarem todos esses tipos de crimes. Monteiro explica que os agentes possuem experiência para análise desses rastros, visando a obtenção de provas técnicas para o estabelecimento da autoria. "Esses rastros podem facilmente serem obtidos, mediante requisição, aos sites, instituições bancárias, aplicativos, por onde os crimes foram praticados e instruem a investigação, a fim de serem levados à justiça e efetiva condenação criminal", ressalta.

Crimes contra a mulher

Os crimes cibernéticos em geral são investigados pelas delegacias de polícia, responsáveis pela área, onde este ocorreu, ou seja a delegacia do seu bairro, explicou o escrivão. "As investigações mais complexas que envolvam uma organização criminosa mais estruturada se dão em um unidades policiais especializadas, no caso da nossa região, o Setor de Investigações Gerais, sem nenhuma distinção do gênero da vítima. Entretanto, quando o crime cibernético que envolva a prática de crime de violência doméstica, ou crime contra a mulher, por ocasião de seu gênero, este possui atribuição de investigação exclusiva à Delegacia de Defesa da Mulher de sua cidade”, afirmou. Em nossa região, as cidades que contam com DDMs são Mogi das Cruzes, Suzano e Itaquaquecetuba.

Saiba mais

A população pode esclarecer dúvidas sobre crimes cibernéticos por meio do site da Polícia Civil do Estado de São Paulo (www.policiacivil.sp.gov.br) que disponibiliza cartilhas de prevenção. No Instagram também cartilhas e dicas que instruem a população quanto a diversas práticas de crimes, não somente os cibernéticos.



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