O Café com Mogi News desta terça-feira (15) entrevista Gilvanda Figueirôa, gerente regional do Sebrae Alto Tietê. No episódio, ela destaca projetos realizados na região e a importância do estímulo ao empreendedorismo e o incentivo aos pequenos negócios. Com passagem por várias cidades, atuando na área administrativa,   ingressou no Sebrae em 2011. “Fiquei na sede do Sebrae, rodando o Estado com projetos, atendimento ao cliente de pequena empresa. Um grande aprendizado, porque eu vinha de grandes empresas. É um desafio, mas eu me considero muito bem-sucedida. Tem clientes que até hoje me ligam e pedem conselhos”, contou. 

No comando do escritório regional, Gilvanda traz sua experiência como consultora e como gerente do escritório na cidade de Votuporanga, que abrange 57 munícipios. Destaque também para as ações durante a pandemia. “O Sebrae foi aquela empresa que acolheu, que orientou e que fez de tudo para que as empresas conseguissem sobreviver, inclusive na questão de crédito e ajudando as políticas do governo. Infelizmente muitas empresas não resistiram, basicamente porque a pequena empresa não tem um colchão financeiro para desafios, ela vive o dia a dia, mas fizemos muito”, afirmou.

Saiba mais nesta entrevista especial, com apoio da Padaria Tita.  

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Café com Mogi News: Conte um pouco da sua trajetória, da sua formação, e como o Sebrae entrou na sua vida?
Gilvanda Figueirôa:
Eu nasci em Pernambuco e morei em muitas cidades. Primeiro porque meu pai que gostava de mudar de cidade, depois eu herdei isso dele e continuei mudando. Então eu me formei em administração em Petrópolis (RJ) e passei 17 anos da minha vida trabalhando em grandes indústrias. Eu fiz um programa de trainee em empresa chamada Beckton Dickson, que faz seringas descartáveis e fui para Curitiba (PR), e quando eu fiz 10 anos, saí para assumir um cargo de direção em uma empresa do polo automotivo do Paraná. 

Depois disso, casada com um mogiano, ele resolveu voltar para Mogi e eu então voltei a procurar trabalho aqui. 
Entrei em uma empresa, também americana, que produzia o interior da linha de jatos comerciais da Embraer. Fiquei até que as torres gêmeas caíram e aí o projeto de nacionalização de partes foi adiado. Voltei para Petrópolis, meu pai havia falecido, e montei um negócio, mas descobri que não era minha vocação. Minha vocação é empresa grande, equipe grande. Gosto muito de discutir e nessa trajetória voltando para cá, para acompanhar também o meu marido, eu entrei no Sebrae.

Eu fiz o processo seletivo como especialista de gestão de pessoas. Em 2011, fiquei na sede do Sebrae rodando o Estado todo com projetos, atendimento ao cliente de pequena empresa. Foi um grande aprendizado porque eu vinha de grandes empresas e você passar a experiência de grande empresa para pequena é um desafio, mas eu me considero muito bem-sucedida, com clientes que até hoje, que me ligam, pedem conselhos. 

Algum tempo depois que estava na sede, me ofereceram para vir para Mogi. Eu aceitei e fiquei aqui no escritório Alto Tietê como consultora por cinco anos. Participei do processo seletivo para gerência e assumi em Votuporanga, um escritório regional que tem o maior número de municípios, são 57. Passei três anos e veio o convite para assumir o escritório de Mogi das Cruzes. Estou aqui desde 2021 e nós temos desenvolvido projetos bem importantes. 

O Sebrae tem uma atuação bastante forte, às vezes até silenciosa, mas é muito forte. Nós somos medidos por todas as nossas ações, então, por exemplo, nós temos uma meta de capilaridade que é acima de 20%, ou seja, nós temos que atender no ano mais de 20% da densidade local com todos os nossos atendimentos e isso acontece. Nós atendemos muitas empresas, primeiro com serviços de MEI (MIcroempreendedor Individual) que ainda fazemos e também com o atendimento remoto. O Sebrae é o emissor da nota fiscal de MEI e até contadores usam o nosso sistema de emissão de nota fiscal. Esse sistema tem muita capilaridade, e nós temos hoje soluções digitais, soluções remotas, temos a nossa Feira do Empreendedor.

CMN: E isso antes mesmo da pandemia?
Gilvanda:
Sim, ele aumentou muito com a pandemia, porque nós pegamos tudo que era presencial e transformamos. No ano da pandemia em que se ficou parado, o Sebrae aumentou muito atendimento.
Nós fazíamos live todos os dias em todos os escritórios do Sebrae para que as empresas sobrevivessem. Paras quem trabalha com eventos, restaurantes, serviços de beleza, foi muito desafiador.

O Sebrae foi aquela empresa que acolheu, que orientou e que fez de tudo para que as empresas conseguissem sobreviver, inclusive na questão de crédito, ajudando as políticas do governo. Infelizmente muitas empresas não resistiram, basicamente porque a pequena empresa não tem um colchão financeiro para desafios, ela vive o dia a dia, mas fizemos muito. Logo após a pandemia, houve uma pesquisa e o Sebrae era a oitava empresa mais querida do Brasil, como marca, e esse ano acabou de sair a pesquisa e nós subimos duas posições, somos a sexta marca mais querida do Brasil, não é à toa.


CMN: É fruto de muito trabalho.
Gilvanda:
 É fruto de muito trabalho, de muita dedicação. O Sebrae investiu em muitos contratos, hoje tem muitos fornecedores. É importante falar que o Sebrae está terceirizando o seu atendimento. Antes nós tínhamos uma equipe de consultores que atendia diretamente, e hoje nós terceirizamos. Se você tem uma consultoria, tem uma empresa que presta atendimento, ou é professor e quer fazer instrutoria para o Sebrae, nós temos um edital aberto no nosso portal sebrae.com.br. Você acessa São Paulo e existe um edital permanente para chamada. Como eu disse, a capilaridade é muito grande e precisamos de gente boa do nosso lado para atender os empresários.


CMN: Mas para consultoria em diversas áreas?
Gilvanda:
 Consultoria e instrutoria em diversas áreas, como toda área de gestão, que é o que nós trabalhamos, e também transformação digital. Nós temos oportunidades na área jurídica, pois vamos entrar com um programa de conciliação. Então tem bastante oportunidade no Sebrae, é só entrar no portal.


CMN: No escritório do Alto Tietê, quais projetos e ações têm maior destaque?
Gilvanda: 
Nós temos um tripé que são três pilares e tem uma ação que é transversal. Um dos pilares é da inclusão produtiva, porque a nossa região tem em média, em todos os oito municípios que o escritório atende, que vai de Salesópolis até Itaquaquecetuba e Guararema, todos os municípios têm acima de 25% de pessoas no Cadastro Único (CadÚnico). Essas pessoas vivem com uma renda inferior a R$ 210 per capita por mês.

Então não dá para o Sebrae não atuar, não dá para nós não entendermos que temos uma responsabilidade na geração de renda, então um dos pilares é a inclusão produtiva e geração de renda. O outro pilar é a competitividade, entender quais são as vocações da região e trabalhar para essas vocações, como o agronegócio, turismo, comércio e serviços, e o outro tripé é a Inovação. 

Nós temos aqui em Mogi das Cruzes, particularmente, um ecossistema que já está duplamente reconhecido. Os prefeitos receberam o Prémio Prefeito Empreendedor. É um ecossistema muito amadurecido do ponto de vista de legislação mesmo.


CMN: O Sebrae é um dos parceiros do Polo Digital?
Gilvanda:
Sim, o Sebrae é um dos parceiros de início do Polo. Estamos lá com uma cadeira e também no Conselho Municipal de Inovação e Tecnologia e trabalhamos efetivamente. Nós temos muitos contratos, muitas soluções e inovação e estamos expandindo essa atuação ainda mais. Fazer com que as empresas incluam inovação na sua pauta, no seu dia a dia, e não é só startup. Nós temos no Polo o programa com startups.

Nós temos contrato com o Senai para fazer a transformação digital das indústrias, temos contrato com o Polo de São José dos Campos para que eles apliquem nas empresas consultoria individualizada de transformação digital e acesso as redes, porque o nosso empresário ainda é um pouco offline. Ele vai no máximo no WhatsApp, então vamos trazer as potencialidades que nós podemos ter para que ele gere um negócio.

O fim, é gerar negócio e o transversal que eu falei, que é um empreendedorismo feminino. A gente tem um trabalho bastante importante porque no empreendimento, pelo menos aqui nos nossos números, temos mais clientes do sexo feminino do que de outros. O Sebrae tem programa para empreendedor acima de 60 anos, LGBTQIAPN+. Nós temos Sebrae na comunidade, o empreendedorismo jovem, porque nós temos a ideia da educação empreendedora desde a infância até a faculdade.


CMN: Isso em parceria com escolas?
Gilvanda:
Aqui com Mogi das Cruzes, nós temos um termo assinado para 12 mil alunos de escolas municipais. Nós trouxemos outro dia 560 alunos da rede estadual para fazer um trabalho de empreendedorismo. Temos programas, estamos indo nas escolas, houve uma reunião com as Etecs para que nós também trabalhemos lá. O o empreendedorismo não é abrir empresa, não é formalizar uma empresa, empreender é ter uma atitude empreendedora e a atitude empreendedora que é baseado em 10 comportamentos empreendedores, como conhecer o cenário, buscar oportunidades, fazer uma rede de contatos e etc. Ele faz de você uma pessoa autônoma, que pode tomar decisão, mas decisão que seja pautada em fatos, que não seja só um eu acho.

Esse trabalho é bastante importante. Nas escolas, às vezes você tem uma certa resistência de professor, porque quando houve a palavra empreendedorismo, ele pensa: 'vai formar capitalistas'. E não, nós vamos falar de empreendedores para o mundo, para serem melhores colaboradores de empresas, para eles serem melhores cidadãos e para eles terem mais autonomia e se decidirem abrir negócio, o Sebrae está lá para apoiar também.


CMN: O que não se fala muito mas tem o intraempreendedorismo, você poder dentro da empresa desenvolver projetos e ações também.
Gilvanda:
É tudo que as empresas querem, aquele colaborador que seja empreendedor naquilo que está fazendo, mas um empreendedor consciente, porque empreendedor como a gente diz, 'soldado de Napoleão', não dá certo, ele sai fazendo sem saber qual é a consequência. É muito prazeroso trabalhar com educação empreendedora. Nós temos parcerias em todos os municípios, com o Fundo Social, com o Cras, com ONGs, organizações do terceiro setor. Nós formamos cooperativas de reciclagem que também estão reconhecidas. Nós temos um trabalho jurídico mesmo, de apoio, de como ela se forma, qual o risco, como é que treina, como que faz a gestão. 

Nós também temos um trabalho com prefeituras. Nós tivemos um programa no ano passado chamado Consórcio Empreendedor, e esse ano ele muda e vira Cidade Empreendedora, em que nós trabalhamos as Salas do Empreendedor para que você que quer empreender ter a sua empresa aberta de forma mais rápida, para que as informações estejam num local só. 

Depois vamos incentivar que a prefeitura, que em muitos locais é o maior empregador, é o maior contratador do município, que ela compre do pequeno, do local, que ela deixa o dinheiro na cidade. Então trabalhamos junto às prefeituras para que esses fatos aconteçam, e também para atualizar o código de posturas, porque a cidade muda ao longo do tempo, vai se expandindo, então uma coisa que não pode, de repente, se ele mudar pode fazer. 

O Condemat (Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê) é um parceiro nosso. Nós  trabalhamos com os dois escritórios, que são Guarulhos e São José dos Campos, para atender o que hoje são 14 municípios que estão no Condemat. Vamos trazer, por exemplo, uma ação agora, que está nos termos de referência e está sendo contratado para compra de inovação por prefeituras. As prefeituras têm muita dificuldade de comprar, porque muitas vezes e por precaução o secretário, o jurídico da prefeitura, não permite que o prefeito compre alguma coisa que se entenda a risco.


CMN: Isso já agora?
Gilvanda:
 Agora, está sendo contratado e o contratado vai fazer um piloto para que isso se divulgue, porque poucas empresas compram ou tem segurança para comprar. Na verdade é uma insegurança e tem muito risco, o jurídico protege o prefeito para que ele não se torne inelegível. O Sebrae trabalha para desmistificar, porque a nova lei permite. Se você seguir e estiver tudo de acordo, você pode comprar, errar, comprar e acertar, porque a compra de inovação facilita a vida do munícipe e do empreendedor.


CMN:  Até porque como você falou, às vezes é um grande mito, ter essa resistência na inovação.
Gilvanda:
Exato, temos que desmistificar isso. Mogi das Cruzes, no caso, é até a referência, porque ela comprou por causa do Polo. Esse ecossistema forte que existe aqui permitiu. O Caio Cunha vem desse universo, ele foi um dos que criou esse ecossistema. Então ele comprou e o TCE (Tribunal de Contas do Estado) levou Mogi das Cruzes como case para divulgar para os promotores, para os fiscais do TCE, como se pode comprar a inovação e aplicar.



CMN: Falando um pouco do MEI, a gente tem a questão da formalização também, é uma área de atuação do Sebrae?
Gilvanda:
Nós temos Sebrae em todos os municípios, e ali você tem o atendimento no nosso escritório e o atendimento de serviços MEI, que são a formalização, a declaração e orientações sobre parcelamento, emissão de dados e agora está saindo um aplicativo que vai ser mais fácil. Não precisa a pessoa se deslocar. O MEI é a maior parte do nosso empresário.


CMN: A procura é grande?
Gilvanda:
  Mais de 90% das empresas brasileiras são empreendedores individuais, a procura é bastante grande.
Há essa confusão que o Sebrae quer que as pessoas formalizem, mas, no momento certo, porque não adianta você formalizar, se você não tem toda a estrutura de pensamento de empresa. O MEI ainda é isento de nota, mas existem empresas que só compram com nota, então quando ele vai dar nota, quando ele tem estrutura para ter uma empresa, aí é o momento de se formalizar. Há essa mística que o Sebrae só atende empresa formalizada, e não é verdade, nosso maior número de atendimento é a pessoa física.


CMN: E que tipo de atendimento as pessoas costumam buscar?
Gilvanda:
Basicamente orientação em finanças, ou como vender. Boa parte vai quando está com problemas, por isso finanças, porque o brasileiro não gosta de falar com gerente de banco, então ele abre a empresa, e abre com o dinheiro pouco que ele tem, ou mesmo sem. Quando nós falamos que temos 25% das pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, as pessoas têm que se virar, então ela faz bico e ela não acha que aquilo é empreender, ela acha que está fazendo um bico, está fazendo errado. Isso é empreendedorismo puro, você tem um empreendedorismo de necessidade ou de oportunidade, às vezes os dois casam.

Então eles vão e gastam o dinheiro e você usa seu crédito pessoal. Foi desligado, recebeu o fundo de garantia, gasta seu dinheiro todo, e ele não dá, porque ele não calculou quanto precisa ter de reserva. Aí vai no cartão de crédito e não consegue pagar, vai enrolando dois, três meses. Primeiro é o cheque especial se tiver, e eu pulei porque o nosso MEI não tem muito isso, então ele vai no banco que ele tem conta, no crédito pessoal, porque não precisa ir para a agência. Ele entra no aplicativo, vê quanto ele tem de crédito, ele pega o crédito, paga outras emergências e quando não tem mais o que fazer, ele vai para o gerente, e o gerente do banco também não tem mais o que fazer para ele.

Essa educação financeira é um esforço bastante grande, porque a gestão financeira de um negócio permite tomar decisões mais frias. Quando você não tem, a decisão é sempre na emoção: 'o que eu faço hoje, vendo isso hoje, compro aquilo hoje'. Infelizmente, é pesquisa do Sebrae, 67% dos endividados, eles estão devendo menos de R$ 5 mil, é muito pouco para você travar a economia dessas empresas. Saiu agora, até já é um projeto antigo de algum tipo de crédito ou de recurso para uma pessoa que está inadimplente. Há uma norma do Banco Central, que se você é devedor, você está inadimplente, você não tem acesso a crédito, então você enforca mais esse pequeno.

Saiu agora o Desenrola para venda de crédito. Então alguém vai comprar um crédito mais barato, pagou a primeira prestação, ele está liberado para conseguir mais crédito e pagar aquilo que ele deve. Aí você vê que o Sebrae tem um papel importantíssimo em educar essas pessoas para tomar crédito consciente.


CMN: Como você vê o futuro do Sebrae, os projetos que vocês ainda estão desenvolvendo, as futuras ações?
Gilvanda:
 A gente às vezes diz assim: 'nós plantamos muito', e outro dia: 'meu Deus, tenho que parar de plantar', porque você não pode plantar e não seguir, não entregar.  Então é muita coisa que surge. Por exemplo, dentro da inclusão produtiva, nós queremos colocar um Sebrae na Missão Intensidade. Eu estou conversando com parceiro para viabilizar, porque eu não posso pôr um custo para eles. Eu tenho que ter a pessoa, tudo o Sebrae dá, toda a estrutura o Sebrae fornece, o computador, mesa, cadeira, armário, tudo isso e treinamento para atendimento, mas precisa de uma pessoa.

Na inovação, agora estamos trabalhando com as universidades aqui de Mogi das Cruzes, depois vamos tentar expandir para as outras. Tem um programa de empregabilidade que está rodando em Suzano, aqui em Mogi também foi lançado e vai rodar, e em Guararema. Nós vamos expandir para Salesópolis, Poá e Itaquá, tudo no seu tempo.

Para preparar pessoas para soft skills, estamos trabalhando com palestras dentro e fora de empresas. Temos um grande programa de inclusão produtiva, com a companhia Suzano, que é o Projeto Semente para tirar pessoas da linha da pobreza, dando uma renda padrão ONU, que é R$ 485 per capita por pessoa. É altamente desafiador, mas vamos conseguir. No ano passado conseguimos e esse ano também.

Temos um grande programa de turismo estruturado, e estamos levando três cidades para nossa Feira do Empreendedor no estande de turismo : Salesópolis, Guararema e Mogi das Cruzes. Estamos levando a Prefeitura de Suzano e a Prefeitura de Mogi também, em estandes deles. Estamos trabalhando com o Condemat nessa linha, e temos projetos especiais no setores automotivo, beleza, saúde e bem-estar, construção civil, e em advocacia, com parceria importante com a OAB, é muita coisa.

Cada um tem que tomar conta de um território, de um projeto é muito importante dizer que todas, 100% das nossas ações são medidas. Nós temos uma empresa contratada para pesquisar resultado, tanto de efetividade, quanto de atendimento. Nós temos o maior NPS (Net Promote Score, sigla em ingês de uma metodologia de satisfação do cliente) do Brasil. Nosso NPS médio é de 90%. Então 90% dos nossos clientes dizem que o nosso atendimento é bom, muito bom, porque a nossa NPS é acima de oito. Se disser oito, é ruim, e aí a nossa Ouvidoria liga para o cliente e pergunta porque que ele deu oito. Nós também pesquisamos em tudo que é projeto, os clientes são pesquisados por efetividade.

No nosso projeto Agente Local de Inovação (ALI), ele precisa aumentar em 8,5% de faturamento. Se não aumentar, o resultado é baixo. Então é desafiador, esse é um programa dedicado apenas a microempresa e empresa de pequeno porte, porque tem recursos para fazer, ele tem que inovar, seja em produtos, seja em processos, seja em compra, seja em alguma coisa, e isso gerar pelo menos 8,5% de aumento faturamento. 


CMN: Como é que funciona o ALI?
Gilvanda:
 O ALI funciona assim, a empresa se inscreve e o agente vai até lá. Nós temos agentes contratados, que é um bolsista que vai até a empresa, seja rural ou da cidade. Supondo que seja uma loja, ele vai até a sua loja ou a sua indústria, faz um diagnóstico e propõe um plano de ação para inovação e medição de resultados, acompanha por seis meses a sua empresa. Nós temos consultorias, que são gratuitas e consultorias pagas, depende da complexidade, para todas áreas, também em áreas de gestão. Temos uma consultoria de uma hora que você pode fazer em finanças, jurídico, marketing, gestão de pessoas, sempre temos consultorias também que podem ser contratadas pelo Sebrae.


CMN: Como você vê o desafio que essa cultura empreendedora se enraíze?
Gilvanda: 
Por isso que investimos tanto em educação. Esse jovem tem que sair da universidade, sair da escola, com esse conceito de ser mais consciente e saber fazer. É um investimento a longo prazo, mas temos esse poder, de ser a sexta marca mais querida do Brasil, temos que usar esse poder para atrair as pessoas, que ainda acham, principalmente no empreendedorismo de inclusão produtiva, do MEI, que o Sebrae não é para ele, que não sabe falar. Nosso trabalho, nosso desafio é dizer que das 9 até 17 horas você pode ir lá, e não precisa marcar, que você vai ser atendido. 

Mas tem aquela música que diz o 'artista tem que ir onde o povo está', e nós temos essa possibilidade. Nós temos que ir onde estão as pessoas, temos que ir onde está esse empreendedorismo, muito da necessidade,  dessa pessoa não pode pagar pela passagem. Nós temos empreendedorismo de mãe solo, que é muito grande. A mãe que tem que ficar com os filhos em casa e empreender em casa. Nós estamos fazendo esse trabalho já há dois anos.

Posso falar da minha gestão aqui no Alto Tietê, e estamos indo muito forte. Conseguimos fazer trabalhos belíssimos em Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, em todos os municípios. Aqui você tem histórias maravilhosas, história de pessoas que transformam vidas. Por exemplo, nós temos um case que levamos para Brasília de uma moça que tinha uma empresa de representação e estava patinando. Ela entrou em uma formação com o nosso guia de compras públicas, e hoje ela tem um escritório no Patteo Mogilar e dá consultoria para empresas que querem vender para o setor público. Em seis meses, ela disse que vendeu mais do que a família dela vendeu no mercadinho com compra pública.

Outra empresa daqui de Mogi, que eu encontrei na feira, no ano passado, é uma empresa de instrumentos musicais. Nós pensamos: 'poxa instrumento musical?', mas sempre tem banda musical, instrumento musical vende, e ela achou um nicho na compra pública. Toda prisão tem uma banda, toda prefeitura tem uma banda, ela entrou em licitação que se ela não está lá, está vazia. Ela viu uma oportunidade e agora já está abrindo franquia porque precisa atender o Brasil todo. Então existem oportunidades que precisam ser enxergadas. 

O Sebrae é um grande Hub, onde você faz conexões para fazer um negócio, porque a empresa para ser saudável, ela precisa ter venda, precisa fazer negócio, gerar negócio. Nós temos um programa de inovação, um de exportação, onde levamos nossos empresários para várias feiras no mundo todo, para quem está pronto para exportar. Nós trabalhamos com associativismo, cooperativismo, arranjos produtivos. Temos um arranjo produtivo local (APL) de inovação e tecnologia, que é esse ecossistema do polo, e temos o arranjo produtivo do mel, reconhecido em Salesópolis, mas que também pega Mogi, Guararema e Biritiba, e se não me engano, talvez tenha até um produtor em Suzano. 

Temos agora formando um arranjo produtivo da agricultura familiar, em Jundiapeba. Todos esses têm projetos estruturados. É bem bonito o nosso trabalho, é apaixonante. Você tem essa possibilidade de deixar legado com muitos parceiros. O Sebrae trabalha com todos os parceiros que quiserem trabalhar, então se você acha que pode ser nosso parceiro, vem que nós conversamos, desde empresas, ONGs. Nós queremos estar ali cumprindo, porque as pessoas empreendem muito, mas a gente pode fazer correr menos riscos para ser bem-sucedido. Ninguém abre uma empresa para fechar.


CMN: Todo mundo quer crescer, expandir.
Gilvanda:
  É um sonho. Quando nós vemos a taxa de mortalidade das empresas, cada empresa que morreu foi um sonho, com exceções obviamente, pois às vezes a pessoa consegue uma outra oportunidade, mas essa é exceção. A missão do Sebrae é fazer que essas empresas sejam sustentáveis.

Existe um projeto de lei para mudar o limite de faturamento de R$ 4,8 milhões para R$ 8 milhões, e tomara que passe, porque aumenta muito a nossa quantidade de empresas a serem atendidas. Mas aumenta o desafio, porque a capilaridade sobe. Então é isso aí, é muito desafiador, mas é muito gratificante porque todo o cliente que conseguiu, ele faz questão de dizer que ele conseguiu através de nós. 

Eu sempre digo isso, o Sebrae não é o fim em si, o Sebrae é serviço, serviço é meio. A gente só brilha se o outro brilhar, se quem nós estamos atendendo, brilha. É delicioso quando as pessoas brilham, porque aí nós estamos com esse sentimento de que cumprimos a nossa missão.