Ruas, igrejas e praças históricas de Olinda, em Pernambuco, voltam nesta sexta-feira (12) a sediar o MIMO Festival após 7 anos, com uma programação multicultural e gratuita, que reúne nomes importantes da música instrumental do Brasil e do exterior, além de filmes e rodas de conversa com os artistas.  Ao todo, estão incluídas entre as atividades do evento 40 atrações, com shows, concertos, apresentações de DJs, exibição de filmes, fórum de ideias e aulas no programa educativo.  A programação completa pode ser conferida no site do festival.  A edição na cidade pernambucana segue até o domingo (14) e, em seguida, o MIMO Festival vai para São Paulo, onde acontece entre os dias 19 e 21 de setembro.  Programação musical A abertura do festival, nesta sexta-feira, contará com o acordeonista francês Lionel Suarez, no Seminário de Olinda, às 19h, e com um concerto do músico Edu Lobo, na Igreja da Sé, considerada a maior igreja quinhentista do Brasil, às 20h. Apesar de ser do Rio de Janeiro, suas raízes são pernambucanas. “Toda a minha origem é pernambucana e muito da minha música recebe essa influência, portanto, abrir um festival como o MIMO, entre os mais importantes do Brasil, e ainda mais em Olinda, só pode me deixar muito feliz”, comemora Edu Lobo. O encerramento dessa primeira noite vai contar com o retorno aos palcos do grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado, em sua formação original. A apresentação está marcada para as 0h30.  Integrante do grupo, Lirinha revela que eles se programaram para o retorno aos palcos neste semestre, a partir do festival, que proporcionará a oportunidade de se apresentar em praças tanto de Olinda quanto de São Paulo. “Entendemos como uma boa mística de retorno de um novo espetáculo e de uma nova história do Cordel do Fogo Encantado. Nosso desejo e trabalho é para que o espetáculo Palavras para Colorir o Céu circule como turnê, mas nossa concentração é nesse retorno, que traz muitos símbolos especiais para o grupo, esse retorno em praça pública, no festival MIMO, nessas duas cidades muito importantes para a história da banda”, disse Lirinha. No sábado (13), um dos destaques será o cubano Roberto Fonseca, multi-instrumentista considerado um dos maiores nomes do jazz atual na música da América Latina. Na mesma noite, o trio francês Delgrès, sob liderança do guitarrista e cantor Pascal Danaë, promete mostrar a contribuição da diáspora afro-caribenha ao blues. O encerramento do festival, no domingo (14), será na Praça do Carmo, com o pianista pernambucano Amaro Freitas e seu hepteto. Antes dele, o mestre do bandolim Hamilton de Holanda também se apresenta com seu trio. Rodas de conversa Algumas das principais atrações musicais do festival também vão participar de rodas de conversa com o público, no Convento de São Francisco, às 16h, com mediação de Chris Fuscaldo.  Nesta sexta-feira, Juliana Linhares é a convidada para um bate-papo sobre o Nordeste reimaginado. No sábado, Lirinha, do Cordel do Fogo Encantado, conversa sobre a oralidade enquanto elemento de tradição, poesia e resistência no Nordeste. Já no domingo, o cubano Roberto Fonseca fala sobre sua carreira e as relações de seu país com o jazz. Mostra de cinema Além das apresentações, o público poderá conferir a exibição gratuita de filmes que abordam diversos aspectos da temática musical no Pátio da Igreja da Santa Sé e no Teatro Fernando Santa Cruz.  Nesta sexta-feira, a programação inclui O Som da Pele (Marcos Santos), No Rastro do Pé de Bode (Marcelo Ribeiro), Águas de Oxum (Milena Sá), Ser Carnaval (Mariana Carvalho) e O Homem do Fraque Verde (Petrolino Lorena) No sábado, estão previstos Mborairape (Roney Freitas), Na Terra de Marlboro (Cavi Borges), Frevo Michiles (Helder Lopes), Black Rio Black Power (Emílio Domingos) e Sem Vergonha (Rafael Saar). No domingo, a programação termina com As Cores do Frevo que Virá (Bernardo Valença), Razões Africanas (Jeferson Melo), Macaléia (Rejane Zilles) e As Dores do Mundo - Hyldon (Emílio Domingos e Felipe David Rodrigues).  Idealizadora e diretora artística do festival, Lu Araújo disse que a ideia de incluir o cinema na programação vem desde a primeira edição do festival e busca permitir que os artistas possam ser vistos por diferentes ângulos.  “Muitas vezes, a gente combina a questão do concerto, do show nos palcos, nas igrejas, com a vida e com a obra desse artista. Este ano, tem um componente muito especial, tem filmes muito recentes, produções que são cinebiografias e que contam histórias de artistas importantíssimos, muitos deles do frevo”, explica.  Do mesmo modo, Lu Araújo destaca que o Fórum de Ideias, que vai promover as rodas de conversas, é uma extensão dessa proposta de trazer uma visão mais ampla dos artistas.  “É uma forma das pessoas poderem também conhecer um pouco mais sobre as trajetórias, sobre o que pensam esses artistas que lideram trabalhos”, diz, acrescentando que “tudo é um complemento, mas está tudo rodando e circulando em função da música e dessa cidade linda que é Olinda”. Parceria Depois de ter levado nomes da música instrumental brasileira para o festival francês Jazz in Marciac, dessa vez é o MIMO quem traz músicos do país europeu para o Brasil.  Entre os principais nomes que representam a música contemporânea da França no festival, estarão a baterista Anne Paceo, os saxofonistas Samy Thiébault e Baptiste Herbin e o trompetista Nicolas Gardel. “A França é um componente especial nessa edição, porque a gente tem essa parceria dentro da temporada cruzada Brasil-França. O Jazz Marciac, que é um festival muito importante, talvez um dos maiores do mundo, tem 47 edições realizadas, todos os grandes nomes da música do segmento do jazz e até de outros segmentos passaram por ele. Então, foi incrível para o MIMO constituir essa parceria, que, na verdade, é uma retomada”, destaca Lu Araújo.  “Trouxemos muitos artistas [da França] ao longo desses anos, artistas que estavam despontando em suas carreiras. O Jazz de Marciac é um parceiro importante, certamente isso faz com que o festival esse ano ganhe uma força grande e diferente”, afirma. O encontro é promovido no âmbito da Temporada França-Brasil 2025, com realização da República Francesa, Institut Français, Instituto Guimarães Rosa, Ministério da Cultura, Ministério das Relações Exteriores. O MIMO Festival é realizado pela produtora Lu Araújo Produções Artísticas e apresentado pela Petrobras, com patrocínio da Stone e apoio da Prefeitura de Olinda, do Complexo Industrial Portuário de Suape, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Suape) de Pernambuco e da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás). Relacionadas Festival traz diversidade do cinema africano contemporâneo ao Rio Filmes nacionais têm recorde de inscrição no 27º Festival do Rio Festival de Música da Rádio Nacional abre inscrições para a 16ª edição