A ala militar do Hamas disse neste domingo (28) que perdeu contato com dois reféns israelenses mantidos na Cidade de Gaza e pediu a Israel que retirasse as tropas e suspendesse os ataques aéreos por 24 horas, para que os combatentes pudessem resgatar os reféns. O destino dos dois reféns pode lançar uma sombra sobre o encontro entre o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o presidente dos EUA, Donald Trump, que ocorrerá nesta segunda-feira (29). Israel lançou um enorme ataque terrestre à Cidade de Gaza, arrasando distritos inteiros e ordenando que centenas de milhares de palestinos fugissem para campos de refugiados. Netanyahu diz tratar-se de uma tentativa de destruir o Hamas de uma vez por todas. No entanto, nos últimos dias tem havido cada vez mais conversas sobre medidas para uma resolução diplomática para a guerra, que já dura quase dois anos. Trump disse na sexta-feira (26) que um acordo sobre Gaza parecia provável. Nova proposta O Hamas afirmou mais cedo neste domingo que ainda não havia recebido uma nova proposta para encerrar a guerra. Netanyahu afirma que o Hamas deve depor as armas ou será derrotado. O grupo militante tem afirmado que jamais entregará suas armas, enquanto os palestinos lutarem por um Estado. O braço militar do Hamas, as Brigadas Al-Qassam, pediu aos militares israelenses que retirassem as tropas dos distritos de Sabra e Tel Al-Hawa, a sudeste do centro da Cidade de Gaza, e suspendessem os voos sobre a área por 24 horas, para que pudessem procurar pelos dois reféns presos. O exército israelense não comentou diretamente o pedido, mas deixou claro que não tinha planos de interromper sua investida, emitindo um comunicado para que todos os moradores de partes da Cidade de Gaza, incluindo o distrito de Sabra, se retirassem. O exército afirmou ainda que estava prestes a atacar alvos do Hamas e a demolir prédios na área. Moradores de Gaza e médicos disseram que os tanques israelenses avançaram mais profundamente em Sabra, Tel Al-Hawa e nos bairros próximos de Sheikh Radwan e Al-Nasr, aproximando-se do coração da cidade e das áreas ocidentais, onde centenas de milhares de pessoas estão abrigadas. Moradores O Ministério da Saúde de Gaza disse em um comunicado que pelo menos 77 pessoas foram mortas por disparos israelenses nas últimas 24 horas. Autoridades de saúde locais disseram que não conseguiram responder a dezenas de chamadas desesperadas de moradores presos. O Serviço Civil de Emergência de Gaza informou, na noite de sábado (27), que Israel negou 73 pedidos, enviados por meio de organizações internacionais, para resgatar palestinos feridos na Cidade de Gaza. O exército israelense não comentou a informação. As famílias dos dois reféns identificados pelo Hamas solicitaram que seus nomes não fossem publicados pela mídia. O Hamas deu início à guerra ao atacar território israelense em outubro de 2023, matando cerca de 1,2 mil pessoas e capturando 251 reféns, segundo dados israelenses. Quarenta e oito reféns ainda estão em Gaza, dos quais, segundo Netanyahu, 20 ainda estão vivos. Os ataques israelenses dos últimos dois anos mataram mais de 66 mil pessoas, segundo autoridades médicas no território. A maioria das casas e infraestruturas do enclave, como hospitais e escolas, foi danificada ou destruída e 2,3 milhões de moradores vivem em grave crise humanitária. Os militares israelenses dizem que o Hamas, que governou Gaza por quase duas décadas, não tem mais capacidade de governar e que sua força militar foi reduzida a um movimento de guerrilha. O exército israelense lançou sua tão esperada ofensiva terrestre na Cidade de Gaza em 16 de setembro, após semanas de ataques cada vez mais intensos no centro urbano. Nas últimas 24 horas, a força aérea atingiu 140 alvos militares em Gaza, incluindo militantes e o que descreveu como infraestrutura militar. O Programa Mundial de Alimentos estima que entre 350 mil e 400 mil palestinos fugiram da Cidade de Gaza desde o mês passado, embora centenas de milhares permaneçam. O exército israelense estima que cerca de um milhão de palestinos estavam na Cidade de Gaza em agosto. *Reportagem adicional de Steven Scheer, Alexander Cornwell em Jerusalém e Ahmed Tolba no Cairo É proibida a reprodução deste conteúdo Relacionadas Grécia vai garantir navegação segura da flotilha de Gaza em suas águas Delegações deixam cadeiras vazias durante discurso de Netanyahu na ONU