A alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros condenou, nesta segunda-feira (11), o assassinato na Faixa de Gaza de cinco jornalistas do canal do Qatar Al Jazeera, questionando a versão israelense de que as vítimas serem "terroristas". "A União Europeia condena o assassinato de cinco jornalistas da Al Jazeera em um ataque aéreo em frente ao Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, incluindo o correspondente da Al Jazeera, Anas al-Sharif", afirmou Kaja Kallas, após uma videoconferência com ministros de Relações Exteriores do bloco europeu. O exército israelense acusou Anas al-Sharif de liderar uma "célula terrorista" do movimento islamita palestino Hamas e de ser "responsável por contínuos ataques com mísseis" contra os militares. Bruxelas informou que tomou nota das alegações de Israel mas citou o respeito ao Estado de direito e a necessidade de provas: "nestes casos é necessário fornecer provas claras, respeitando o Estado de direito, para evitar que os jornalistas sejam visados." O gabinete de informação do Governo de Gaza elevou para seis o número de jornalistas mortos no domingo (10) à noite em um ataque de precisão a uma tenda montada junto ao Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, após a morte de Mohamed al-Khalidi, que trabalhava para o veículo palestiniano Sahat. Em comunicado, a mesma fonte indicou que os jornalistas mortos são: Anas al-Sharif e Mohamed Qraiqea, correspondentes da TV Al-Jazeera; os fotojornalistas Ibrahim Zaher e Moamen Aliwa, o assistente de fotojornalista Mohamed Nofal e o próprio Al-Khalidi. O exército israelense afirmou, como em outras ocasiões, que Anas al-Sharif tinha ligações ao Hamas – que controla a Faixa de Gaza desde 2007 –, apresentando como prova dois documentos cuja origem não especificou e cuja autenticidade não pode ser verificada. A representante da União Europeia Kallas cobrou de Israel a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza. "Mesmo que esteja chegando mais ajuda, as necessidades continuam a ser muito maiores. Instamos Israel a permitir a entrada de mais caminhões e a melhorar a distribuição de ajuda", disse. ONU O secretário-geral da ONU, António Guterres, também condenou o assassinato dos jornalistas e pediu a abertura de uma investigação imparcial sobre o caso. "Estas últimas mortes destacam os riscos extremos que enfrentam os jornalistas que cobrem este conflito", declarou o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, em coletiva de imprensa diária. Guterres apelou, por isso, para que seja realizada "uma investigação independente e imparcial" sobre estas mortes seletivas, prosseguiu Dujarric, lembrando que pelo menos 242 jornalistas morreram violentamente na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em outubro de 2023. O porta-voz sublinhou ainda que os jornalistas e os profissionais da comunicação social devem ser respeitados, protegidos e deve ter o direito de realizar seu trabalho livremente, "sem medo ou perturbação". Guerra A ofensiva israelense em Gaza começou depois dos ataques do grupo Hamas, no dia 7 de outubro de 2023j, no Sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1,2 mil pessoas e mais de duas centenas foram feitas reféns. A operação militar israelita causou já mais de 61 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e o deslocamento forçado de centenas de milhares de pessoas.  Relacionadas Brasil condena ataque de Israel a jornalistas na Faixa de Gaza Ataque israelense mata cinco jornalistas da Al Jazeera em Gaza