Israel aprovou, nesta quarta-feira (20), de maneira definitiva, o polêmico plano de expansão dos assentamentos perto de Jerusalém Oriental, que impedirá o acesso à cidade a partir da Cisjordânia ocupada e dificultará o estabelecimento de um Estado palestino contíguo. Em comunicado, o ministro das Finanças de extrema-direita, Bezalel Smotrich, confirmou a decisão da Administração Civil israelense, dizendo que "apaga na prática a ilusão de solução em 'dois Estados' e consolida o controle do povo judeu sobre o coração da Terra de Israel". "O Estado palestino está sendo apagado da mesa não com slogans, mas com ações. Cada assentamento, cada bairro, cada casa é um novo prego no caixão dessa ideia [de dois Estados] perigosa", disse Smotrich, um dos principais promotores da colonização dos territórios palestinos ocupados. Com esta decisão, a Administração Civil – o órgão do governo israelense que administra a Cisjordânia – aprova a construção de 3.410 casas na área conhecida como E1, um terreno de 1,2 mil hectares a leste de Jerusalém habitado por várias comunidades beduínas palestinas. A região faz parte do colonato judaico de Ma'ale Adummim, o terceiro assentamento mais populoso da Cisjordânia ocupada, com 40 mil habitantes, e considerado ilegal pelo direito internacional. Além disso, o projeto inclui a construção de uma nova estrada que vai separar o tráfego palestino e israelense e transferir o controle militar para entrar em Jerusalém Oriental até 14 quilômetros a leste. Jerusalém Oriental é a parte palestina da cidade, anexada unilateralmente por Israel em 1980 e reivindicada pelos palestinos como capital do futuro Estado da Palestina. "Tenho o prazer de anunciar que, há apenas uma hora, a Administração Civil aprovou o planejamento para a construção do bairro E1!", anunciou Guy Yifrah, presidente da câmara do colonato de Ma'ale Adumim, em comunicado. Os assentamentos judaicos são considerados ilegais à luz do direito internacional e a decisão já foi criticada por organizações de defesa dos direitos humanos. "Esta é uma decisão consciente de Israel de implementar um regime de apartheid. Se a comunidade internacional leva a sério a paz e um Estado palestino, é urgente tomar medidas efetivas para impedir que Israel expulse palestinos da área E1", disse Aviv Tatarsky, investigador da organização não-governamental (ONG) israelense Ir Amim, em comunicado. Durante décadas, as autoridades israelenses se recusaram a aprovar o plano devido à pressão da comunidade internacional, que teme que a expansão dos colonatos impeça a criação de um Estado palestino, com Jerusalém Oriental como capital. No entanto, depois de Benjamin Netanyahu ter chegado ao poder em 2022 à frente de uma coligação sem precedentes com a extrema-direita – os principais defensores da colonização dos territórios palestinos –, o governo israelense aprovou um número inédito de novos colonatos e o confisco de terra. Vários países, incluindo França, Reino Unido, Portugal, Canadá ou Austrália, preveem reconhecer o Estado da Palestina na próxima Assembleia-geral das Nações Unidas, em setembro, perante protestos das autoridades israelitas. Relacionadas Cisjordânia: novos assentamentos enterram criação de Estado palestino Governo brasileiro condena criação de novos assentamentos na Palestina