O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos acusou nesta sexta-feira (23) a administração do Presidente Donald Trump de tentar "limitar o debate e os protestos pacíficos" em universidades norte-americanas. A agência da ONU considerou preocupante a situação nas universidades, bem como a intimidação das autoridades a esses protestos. Na quinta-feira (22), o governo norte-americano deu 72 horas à Universidade de Harvard para fornecer os registros de estudantes estrangeiros. Mais especificamente, o governo quer provas de suposto envolvimento de estudantes estrangeiros em "atividades violentas", incluindo protestos, nos últimos cinco anos. Somente após essas informações, o governo restabelecerá a autorização para que a universidade admita novos estudantes estrangeiros. Os alunos estrangeiros representam mais de um quarto do total dos estudantes de Harvard, situada em Cambridge e Boston, no estado de Massachusetts. A autorização de admissão foi retirada com o argumento de que a universidade estaria facilitando a entrada de estudantes estrangeiros com perfis "antiamericanos ou pró-terrorismo". "A liberdade de expressão é fundamental para a sociedade, especialmente quando existem divergências profundas sobre questões importantes", disse a porta-voz do alto-comissariado à agência de notícias espanhola EFE, em Genebra. Liz Throssell afirmou que tais divergências "nunca devem ser confundidas com incitamento à violência ou ao ódio". China Um dos países visados pelos Estados Unidos é a China. O Departamento de Segurança Interna norte-americano citou supostas ligações de estudantes e visitantes estrangeiros ao Partido Comunista Chinês. Em resposta, a China se manifestou informando que deplorou a decisão e que se opõe "firmemente à politização dos intercâmbios educativos". Pequim "rejeita ataques e difamações infundadas contra a China", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning. Ning disse que "a cooperação educativa entre a China e os Estados Unidos é mutuamente benéfica", mas garantiu que Pequim "protegerá firmemente os direitos e interesses legítimos dos estudantes e acadêmicos chineses no exterior". Harvard, uma das universidades mais prestigiadas do mundo, acolhe cerca de 7 mil estudantes internacionais que perderiam o status de residentes no país se não se transferissem para outra universidade.  Cerca de 20% dos estrangeiros de Harvard são cidadãos chineses, de acordo com algumas estimativas. Relacionadas Governo dos EUA proíbe Harvard de matricular estudantes estrangeiros