A líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen (foto) foi condenada por desvio de recursos nesta segunda-feira (31) e recebeu uma pena imediata de cinco anos sem disputar cargos públicos, uma sentença que a impedirá de participar da corrida presidencial de 2027, a menos que ela seja bem-sucedida em um recurso. A decisão marca um revés catastrófico para Le Pen, chefe do partido Reunião Nacional (RN) e líder nas pesquisas de opinião para a disputa de 2027. Le Pen, o RN e duas dezenas de figuras do partido foram acusados de desviar mais de 4 milhões de euros de fundos do Parlamento Europeu para pagar funcionários baseados na França. Eles argumentaram que o dinheiro foi usado de forma legítima e que as alegações definiram de forma muito restrita o que um assistente parlamentar faz. A juíza Bénédicte de Perthuis disse que Le Pen estava "no centro" do esquema. Debate será intensificado A retirada de Le Pen da disputa provavelmente intensificará um debate na França sobre como os juízes policiam a política. Desde sua primeira derrota para Macron em 2017, Le Pen tem trabalhado pacientemente para suavizar sua imagem, levando seu partido para o mainstream político e se esforçando para aparecer como uma líder em espera, em vez de uma oponente radical antissistema. Atualmente, ela preside o maior partido na Assembleia Nacional. Os juízes também deram a Le Pen uma sentença de quatro anos de prisão - dos quais dois anos são uma sentença suspensa - e uma multa de 100 mil euros. É quase certo que ela vai recorrer, e nenhuma dessas penalidades será aplicada até que seus recursos sejam esgotados. Mas a sentença de inelegibilidade entra em vigor imediatamente, por meio de uma medida chamada de "execução provisória" solicitada pelos promotores, e só será revogada se qualquer recurso for mantido antes da eleição. Ela mantém sua cadeira parlamentar até o final do mandato. Momento decisivo Arnaud Benedetti, analista político que escreveu um livro sobre o RN, disse que a proibição de Le Pen é um momento decisivo na política francesa que repercutirá em todos os partidos e no eleitorado. "Esse é um evento político sísmico", disse ele. "Inevitavelmente, isso vai remodelar o grupo, especialmente à direita." As apelações na França podem levar meses ou até anos. O presidente do RN, Jordan Bardella, braço direito de Le Pen de 29 anos, deve se tornar o candidato de fato do partido para a eleição de 2027. Embora ele tenha ajudado a expandir o apelo do RN entre os eleitores mais jovens, os especialistas dizem que não está claro se ele tem a experiência necessária para conquistar o eleitorado mais amplo de que o RN precisa para garantir a vitória em 2027. "Não tenho certeza de que a proposta política de Jordan Bardella esteja madura o suficiente para competir de forma crível na eleição presidencial", afirmou Benedetti. Relacionadas Marine Le Pen quer fim da escola gratuita para clandestinos na França Candidata da extrema-direita, Marine Le Pen lança campanha na França