Os países árabes, reunidos neste sábado (1º) no Cairo, rejeitaram a sugestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar os palestinos de Gaza e deslocá-los no Egito e na Jordânia. Em comunicado conjunto, após reunião de chefes da diplomacia na capital egípcia, a Arábia Saudita, o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Jordânia e o Catar, juntamente com a Autoridade Palestina e a Liga Árabe, rejeitaram os planos de retirar os palestinos dos territórios de Gaza e da Cisjordânia, ocupados por Israel. Esses planos -- sustentam -- "ameaçam a estabilidade na região, arriscam expandir o conflito e minam as perspectivas de paz e coexistência entre os povos". As nações árabes recusaram ainda "a expulsão e demolição de casas, a anexação de terras ou a retirada dos proprietários dessas terras ou a promoção do desenraizamento dos palestinos, seja de que forma for e em qualquer circunstância ou com qualquer justificação". Há uma semana, o presidente norte-americano apresentou a ideia de deslocar os habitantes da Faixa de Gaza para Jordânia e Egito, com o objetivo de "limpar" o território palestino. Donald Trump comparou a Faixa de Gaza a um "campo de demolição" e foi aplaudido por membros de extrema-direita do governo israelense. Os representantes árabes apelaram hoje à comunidade internacional para que se esforcem a fim de planificar e executar a "reconstrução integral da Faixa de Gaza o mais rapidamente possível, de maneira a garantir que os palestinos permaneçam em suas terras", sugerindo a realização de uma conferência internacional, sob a coordenação das Nações Unidas, para discutir o tema. Simultaneamente, exigiram a retirada "total" das forças israelenses do território palestino, de modo a permitir que as autoridades locais assumam funções. Quinze meses de guerra entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza deixaram mais de 47 mil mortos e um elevado nível de destruição de infraestruturas no território controlado pelo grupo extremista palestino Hamas desde 2007. A ofensiva israelense foi desencadeada por um ataque do Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos e 250 reféns. Os combates cessaram em 19 de janeiro, véspera da posse de Trump como presidente dos Estados Unidos, no âmbito de um acordo de cessar-fogo negociado por vários mediadores, incluindo o Catar e o Egito. Desde que entrou em vigor, a trégua tem permitido a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos e o reforço da ajuda humanitária em Gaza. *É proibida a reprodução deste conteúdo. Relacionadas Palestinos começam a retornar para uma Gaza devastada Direitos fundamentais dos palestinos continuam distantes, diz Guterres Papa pede que acordo de cessar-fogo em Gaza seja respeitado