O governo iraniano confirmou nesta segunda-feira a morte do presidente Ebrahim Raisi, na queda de um helicóptero no noroeste do país, mas garantiu que o desastre não irá causar "qualquer perturbação na administração" do país. As reações internacionais têm se multiplicado, com destaque para elogios por parte do Hamas e um descarte de responsabilidade por parte de Israel.

"O presidente do povo iraniano, trabalhador e incansável, sacrificou a sua vida pela nação", disse o Executivo de Teerã, após a primeira reunião desde o acidente.

"Garantimos à nossa nação leal, grata e amada que, com a ajuda de Deus e o apoio do povo, não haverá a menor perturbação na administração do país", acrescentou.

O helicóptero que transportava Raisi e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Hossein Amir-Abdollahian, foi localizado hoje numa montanha no noroeste do Irã, sem quaisquer sobreviventes, confirmaram as autoridades.

O aparelho caiu na região de Kalibar e Warzghan, na província do Azerbaijão Oriental.

Hamas

O grupo Hamas enviou mensagem de condolências pela morte do presidente do Irã, que considera ter sido "um dos melhores líderes iranianos", que prestou "apoio valioso à causa palestina".

"Ele [Ebrahim Raisi] manteve posições honrosas no apoio à causa palestina, apoiando a luta legítima do nosso povo contra a entidade sionista e o seu valioso apoio à resistência", disse o Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007, em comunicado.

O grupo destacou também o seu "apoio em todos os fóruns e campos", na guerra do Hamas contra Israel na Faixa de Gaza, e os "intensos esforços políticos e diplomáticos para parar a agressão sionista contra o povo palestino".

Também o movimento Hezbollah do Líbano, apoiado pelo Irã, apresentou condolências aos dirigentes iranianos, descrevendo Ebrahim Raissi como "protetor dos movimentos de resistência" contra Israel na região.

"O presidente era para nós um irmão mais velho, um apoio sólido e um protetor dos movimentos de resistência", declarou o grupo, que combate Israel a partir do sul do Líbano. O movimento prestou homenagem ao chefe da diplomacia iraniana, Hossein Amir-Abdollahian, morto no mesmo acidente de helicóptero.

Também o emir do Catar, Tamim bin Hamad al Thani, e os rebeldes xiitas Houthi, do Iêmen, expressaram "sinceras condolências" ao Irã pela morte do presidente.

Reações internacionais

Israel também se manifestou para garantir que não está envolvido na morte de Raisi. "Não fomos nós", disse em anonimato um funcionário israelense à agência Reuters. Em abril, o Irã lançou centenas de drones e mísseis balísticos contra Israel.

Da Rússia chegou mensagem de Vladimir Putin. "Por favor, aceite condolências perante a grande tragédia que assolou o povo da República do Irã", escreveu o presidente russo ao líder supremo iraniano, o ayatollah Ali Khamenei. "Raisi foi um político extraordinário, cuja vida inteira foi dedicada a servir a pátria".

"Como verdadeiro amigo da Rússia, fez uma contribuição pessoal valiosa ao desenvolvimento das nossas boas relações e esforçou-se por elevá-las ao nível de uma parceria estratégica", acrescentou Putin.

O Paquistão declarou um dia de luto devido à morte do presidente do Irã e do ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros. Também os chefes de Estado da Venezuela, da Índia e do Iraque transmitiram a Teerã condolências pelo acidente de domingo.

"O Paquistão vai observar um dia de luto e a bandeira estará a meio-mastro" em "solidariedade ao Irã", um país irmão, escreveu o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, na rede social X (antigo Twitter).

"O povo iraniano vai superar essa tragédia com a coragem habitual", garantiu Sharif, que recebeu Raisi com honras de Estado, no final de abril, na capital do Paquistão, Islamabad.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse na rede social X estar "chocado com as duras notícias" sobre a morte de Raisi, que descreveu como "pessoa exemplar, líder extraordinário do mundo e defensor da soberania do seu povo".

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, expressou tristeza pela "morte trágica" de Raisi e acrescentou que "sempre se recordará" da contribuição do presidente do Irã para o reforço das relações bilaterais dos dois países.

Também o primeiro-ministro do Iraque, Mohamed Shia al Sudani, disse ter recebido "com grande tristeza e pesar" a confirmação do acidente e expressou solidariedade a Khamenei e ao povo iraniano após "esta dolorosa tragédia".

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