A fantasia depende da realidade. Em tempos recentes de bonança econômica e ascensão da classe C, novelas de tintas extremamente populares, temas liberais e personagens complexos e realistas almejaram reciclar novamente o gênero. No entanto, desde 2014, a receita, que deu muito certo em títulos como "Avenida Brasil" e "Amor à Vida", ambas da Globo, vem dando claros sinais de desgaste. 
Diante de um cenário novo - a economia do País vai de mal a pior e a Record ultrapassando a Globo no Ibope com "Os Dez Mandamentos" -, parecem fazer mais sucesso as produções com uma estrutura simples. O bom resultado de novelas como "I Love Paraisópolis" e "Além do Tempo", e o fracasso das esperadas tramas das 21 horas, "Babilônia" e "A Regra do Jogo", definem esse novo ciclo direcionado a folhetins mais clássicos. "Estreamos uma série de novelas onde o vilão ou personagens de atitudes pouco ortodoxas eram os mais interessantes. Acho que existe espaço para todos os recursos. No entanto, em alguns momentos, o telespectador só quer ligar a tevê e assistir a uma boa história de amor", analisa Silvio de Abreu, diretor de dramaturgia diária da emissora.
Depois de um período de novelas recheadas de ação e sem originalidade, a Record tentou flertar com tramas mais "complexas", em 2012, com "Máscaras", de Lauro César Muniz. Mal recebida e levando a audiência do horário para baixo, a emissora tentou referências mais populares em títulos como "Balacobaco" e "Dona Xêpa". Porém, foi na emoção de "Os Dez Mandamentos", seu primeiro folhetim bíblico, que reconquistou a audiência. Para a direção da Record, os próximos passos irão refletir esse gosto mais tradicional do público, com a novela de época "Escrava Mãe" e a continuação da saga do povo hebreu em "Terra Prometida". (T.P.)