Marcos Frota ansiava pela volta às novelas. Longe da tevê há cinco anos, desde uma breve participação em "Ti-Ti-Ti", o ator descreve o convite para fazer "Malhação" como mágico. Ele estava em Portugal, gravando o filme "O Grande Circo Místico", de Cacá Diegues, quando recebeu a ligação com a proposta de interpretar Menelau, diretor do Colégio Leal Brazil.
Desejando participar do processo de transição da Globo para os próximos 50 anos, achou que veio bem a calhar a oportunidade de entrar em "Malhação" quando o projeto está completando 20 anos, enquanto Marcos chega aos seus 40 de carreira.
O tamanho do personagem dentro da trama de Emanuel Jacobina é o que menos importa para Marcos. Mesmo assim, ele tem a expectativa de ser porta-voz de algumas políticas públicas de educação através do diretor Menelau. Além disso, se impressionou como as questões familiares estão sendo tratadas com delicadeza. "Estou completamente à disposição da novela. A importância do personagem dentro da história passa longe da minha preocupação atual. Quero ser útil", afirma.
Embora tenha se sentido "enferrujado" no começo das gravações, agora Marcos diz já estar confortável com sua atuação. "Tenho de chegar na hora com o texto decorado e fazer o Menelau. Umas vezes engraçado, outras nervoso, mas lá atrás ele é o fio condutor de uma política educacional que precisa ser abordada", reflete.
POP TV: Como foi a sua preparação para viver Menelau?
Marcos Frota: O jeito do Menelau eu conheço por ter vivido esse universo do profissional de educação. Fiz Pedagogia na PUC de São Paulo e dei aula durante muito tempo. O Menelau também é um personagem que está sendo construído entre mim, o Leonardo (Nogueira) e o Emanuel (Jacobina). Até que ponto ele deve e pode ser engraçado sem perder a autoridade de comandar uma instituição referência na área da educação? É um fio de navalha. Realmente, a Globo, hoje em dia, é uma indústria do entretenimento e proporciona todas as condições que o ator precisa para desenvolver seu trabalho. Tentei aproveitar todas as reuniões com o Eduardo Milewicz.
POP TV: O que personagens como o Tonho da Lua, de "Mulheres de Areia", e Jatobá, de "América", significaram para você?
Frota: Esses determinados personagens me deram a oportunidade de entender a minha profissão não pelo lado da vaidade, mas por serem desprovidos disso. Ao interpretá-los, acabei trazendo-os para a minha vida também. Chegar aos 60 anos de idade, com 40 anos de carreira, fazendo o exercício do meu ofício, e não o da vaidade, é algo que devo aos personagens que já fiz. Acho que chegar é fácil, ficar é um pouco mais difícil, mas permanecer na profissão demanda uma série de reflexões do que é o trabalho do ator. Isso se aprende com o tempo. ("Malhação", Globo. De segunda a sexta-feira, às 17h35).