O mundo é gentil com quem é bonito. E Reynaldo Gianecchini sabe muito bem disso. No entanto, foi na base do esforço e da coragem que o intérprete do Anthony, de "Verdades Secretas", preferiu construir sua trajetória como ator. "Eu nunca tive medo de críticas. Recebi um monte, mas o importante é seguir em frente, fazer o melhor que puder e se preparar para novos trabalhos", acredita o ex-modelo. É nas vivências e bastidores de sua antiga profissão, inclusive, que Gianecchini buscou inspiração para viver o ambicioso e decadente personagem. "Ele já passou da idade para modelar. É um sujeito que quer tudo, mas não tem qualquer preparação ou disposição para trabalhar. Aí acaba se sujeitando aos caprichos de terceiros", entrega.
Esbanjando bom-humor, aos 42 anos, o ator natural da pequena Birigui, no interior de São Paulo, exibe a segurança de quem trabalha com o que realmente gosta. Foi essa certeza que o fez trocar as passarelas pelos palcos e estúdios de televisão. A estreia no vídeo aconteceu há exatos 15 anos, no sucesso "Laços de Família", de 2000. "Estava cru e não sabia nada sobre tevê. Foi um sucesso, mas sofri demais nos bastidores. Por sorte, muita gente boa me ajudou, a Marieta (Severo) foi uma delas e teve muita paciência com a minha inexperiência", assume, referindo-se à sua atual parceira de cena na novela das 23 horas.
POP TV: Em "Verdades Secretas", você volta ao mundo da moda. Quais as suas principais lembranças dessa época?
Reynaldo Gianecchini: Eu sempre evitei o glamour do universo fashion. Então, para mim, o que sobrava era o trabalho. A concorrência era gigantesca e o mercado para modelos homens é ainda pior. É difícil você ver um grande "top" masculino. Dos 21 aos 28 anos, viajei o mundo todo, conheci pessoas maravilhosas. Mas, à medida que ia amadurecendo, ficava cada vez mais cansado do ambiente.
POP TV: Você acha que Anthony é o personagem adequado para comemorar seus 15 anos de televisão?
Gianecchini: Engraçado, eu não tinha parado para pensar na data. Mas, com certeza, é uma celebração interessante. Até porque ele rompe um pouco com os tipos que eu já fiz. O mocinho bonito ou comédia, o galã errante ou o vilão sexy. Ele tem fraquezas, anseios e funções dentro da dramaturgia de "Verdades Secretas" que o tiram do padrão. Acho que ele chegou na hora certa.
POP TV: Entre tantos trabalhos, qual sinalizou que você estava no caminho certo?
Gianecchini: Isso é uma construção. A cada trabalho a gente vai se aprimorando, descobrindo onde pode chegar. Mas acho que a primeira vez que pude receber impressões positivas do público e da crítica foi com o Pascoal, de "Belíssima" (2005). Naquele trabalho pude sair da sina do herói romântico e fiz um tipo cheio de humor. ("Verdades Secretas", Globo. Segunda, terça, quinta e sexta-feira, às 23 horas).