O Fiat Doblò em que o contador Gustavo Sarmento voltava de uma viagem com outras cinco pessoas foi atingido na lateral em uma ultrapassagem. Ele estava sentado no banco traseiro, sem cinto de segurança, e foi jogado para fora do carro. Entre fraturas e cicatrizes, levou seis meses para se recuperar.
Histórias como essa, infelizmente, são muito comuns. O uso de cinto de segurança por todos os ocupantes do veículo é exigido por lei - sua falta é infração grave, com multa de R$ 127,69 e cinco pontos na CNH do condutor. Ainda assim, muitos brasileiros não se conscientizaram da importância do dispositivo também pelos passageiros que vão atrás.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), 46% das pessoas que ocupam o banco traseiro no País não usam cinto de segurança. Já em deslocamentos urbanos, esse índice salta para alarmantes 93%.
O próprio Sarmento admite que, mesmo após o acidente, demorou para mudar de postura. "Pensava que isso só fazia diferença para quem viaja na frente. Só adotei o hábito quando morei na Espanha, onde o dispositivo é consolidado."
Chefe do departamento de medicina de tráfego ocupacional da Abramet, Dirceu Rodrigues Alves Júnior diz que há uma ilusão de que o encosto do banco dianteiro protege o passageiro de trás. A verdade, porém, é que a falta do cinto traz riscos a todos a bordo.
"Em uma colisão, a traseira do carro sobe e empurra o ocupante para cima e para frente. Seu corpo se choca com o do passageiro da frente, podendo causar lesões na coluna vertebral, paraplegia e até morte. Isso quando a pessoa não é arremessada do veículo", descreve.
Viajar sem cinto e deitado no banco traseiro é ainda mais perigoso. "Na horizontal, o corpo pode sobrevoar as cabeças dos ocupantes dos bancos dianteiros. E o risco de ser ejetado do veículo é maior", alerta Alves.