Osny Garcez: Assumir a presidência da Associação Comercial foi um divisor de águas em sua vida?
Marco Bertaiolli: Assumi a presidência da Associação Comercial de Mogi das Cruzes, em 1992, mas já atuava na entidade como diretor. Fui presidente por cinco mandatos, mas sempre tive e mantenho uma relação muito estreita com a entidade. A Associação Comercial tem uma forte representação na cidade e é um centro difusor de informações e reivindicações do comércio. É a legítima representante do segmento. Na Associação Comercial aprendi muito. Tive a honra de conviver com pessoas da mais alta qualidade e inteligência, o que me proporcionou grandes experiências. Naquela época já tínhamos grandes pleitos, que depois com os cargos públicos tivemos a oportunidade de colocar em prática, como é o caso, por exemplo, da transformação viária e estrutural feita pela Prefeitura na rua Flaviano de Melo.
O.G.: Como se interessou pela política?
Bertaiolli: Na verdade, sempre tive este gosto pela política e isso foi se aperfeiçoando com o passar dos anos. Todos sabem que, aos 15 anos, já sonhava em ser prefeito de Mogi das Cruzes, mas ter passado pelos cargos de vereador, deputado estadual e vice-prefeito, antes de ter me tornado prefeito, me trouxeram experiência e conhecimento. É fundamental para todo político que ele trilhe um caminho sólido e transparente. Não há mais espaço para amadores. Política é coisa séria.
 O.G.:Teve alguma referência em sua vida pública ?
Bertaiolli: Olha, sempre gostei de política, mas tive sim duas pessoas muito importantes na minha vida política. Tenho uma estreita relação com os ministros Guilherme Afif Domingos e com o Gilberto Kassab, que me ensinaram muito na época em que atuava na Federação das Associações Comerciais de São Paulo (Facesp). Também tenho e tive grandes referências na política municipal. Todas as pessoas que passam por nossas vidas nos trazem algo. É preciso aprender com elas, respeitando o tempo de cada um. Esta cidade foi feita e só está onde está, porque pela Prefeitura de Mogi das Cruzes passaram grandes prefeitos.
 O.G.: Mogi tem mostrado grande pujança no Alto Tietê. Como você avalia o sucesso de sua gestão?
Bertaiolli: Mogi das Cruzes é uma cidade muito bem administrada, com suas contas em dia. Hoje conseguimos financiamentos e recursos dos governos estadual e federal porque temos credibilidade e bons projetos. Esta pujança, como você diz, consolida um período de crescimento econômico e desenvolvimento social. Mas é preciso tomarmos cuidado, porque a cidade tem de crescer com qualidade. Já estamos beirando os 450 mil habitantes e isso é preocupante, porque a cidade precisa sempre de mais infraestrutura e serviços públicos para atender a esta demanda. Não podemos nos afastar da realidade e precisamos de muita cautela para administrar uma cidade deste porte e que é vista hoje como uma das melhores economias do País.
O.G.: Na saúde, a cidade representa um amparo para pacientes de outros municípios. Como o Condemat, do qual o senhor é o atual presidente, discute esta questão?
Bertaiolli: Nós estamos implantando um pacto hospitalar em Mogi das Cruzes, que é algo inédito. A solução não está necessariamente em construir novos equipamentos de saúde, mas em transformar de forma inteligente, com estratégia administrativa e de gestão, o uso das unidades já existentes. É preciso que cada um faça aquilo que está vocacionado para fazer e não façam coisas iguais. Por exemplo, se a Santa Casa é a referência para ortopedia, não precisamos que o Luzia também seja. Precisamos que um faça aquilo que o outro não faz. E, em Mogi, criamos o Sistema Integrado de Saúde (SIS), que é justamente para integrar toda a rede, inclusive as que são gerenciadas pelo Estado. A respeito da região, a mesma defesa que fazemos para Mogi, fazemos para o Alto Tietê. É preciso que todas as cidades tenham a sua estrutura funcionando. Obviamente sempre terão os centros da região, e Mogi das Cruzes é o centro do Alto Tietê. O Condemat é formado por todos os prefeitos e todos têm representatividade e fazem as defesas dos interesses dos seus municípios individualmente.
O.G.: O crescimento imobiliário é notório na cidade. Como Mogi está qualificada no ranking de qualidade para se viver?
Bertaiolli: Mogi está entre as 50 melhores cidades do Brasil para se viver. Este ranking analisa desde a renda per capita até a qualidade de vida. Estamos vendo um crescimento imobiliário com a implantação de grandes empreendimentos que valorizam a cidade. Hoje, Mogi das Cruzes oferece tudo aquilo que uma pessoa precisa para viver bem, isso sem contar a localização privilegiada que faz da nossa cidade um ponto de referência tanto para o investidor, o empresário, como para quem está procurando melhor qualidade de vida.
O.G.: Sua equipe é bem coesa e articulada. Este também é um dos pontos altos de seu governo?
Bertaiolli: Ninguém faz nada sozinho. E, na Prefeitura de Mogi, montamos uma equipe coesa, determinada, com qualidade técnica e muito envolvida com a cidade. São pessoas que gostam de Mogi das Cruzes, que moram aqui, formam as suas famílias aqui...então, tudo o que fazem é para o bem-maior da cidade.
O.G.: Como o senhor avalia as grandes reformulações ocorridas na região central?
Bertaiolli: A região central está passando por duas importantes obras e implantação de equipamentos. Estamos terminando as intervenções feitas na rua Professor Flaviano de Melo, que vão muito além do alargamento das calçadas e colocação de novo mobiliário urbano. Fizemos uma revolução debaixo da terra, coisa que ninguém vê, mas que sem isso esta obra não poderia ser feita. Trocamos todas as redes de água e de esgoto, além de construir galerias de água pluvial, o que antes não existia e era o que causava enchentes em toda aquela região em razão da falta de escoamento. Esta obra está chegando ao fim e vamos entregá-la nos próximos dias, juntamente com o Centro Cultural de Mogi das Cruzes que estamos implantando onde antes era o prédio da Telefônica. Estamos terminando esta e começando uma imensa obra estrutural, viária e de mobilidade urbana, que é a transposição da linha férrea, acabando com aquela confusão entre carros, pedestres e trens na praça Sacadura Cabral. Esta é uma obra que vai transformar o centro de Mogi das Cruzes, dando a esta região o status de uma cidade grande como esta cidade com os seus 455 anos merece. Não podemos mais admitir que a porteira feche a cada três minutos, parando todo o trânsito e colocando uma barreira, literalmente falando, entre o passado e o futuro desta cidade. Será uma obra difícil de ser feita, porque mexe com a vida da cidade, com moradores, com motoristas, com comerciantes, mas é uma obra necessária. Não tenho dúvidas de que este será o grande divisor para o desenvolvimento da cidade como um todo.
O.G.: A Câmara Municipal tem sido importante para os resultados alcançados?
Bertaiolli: A Câmara Municipal é o grande fórum de debates e discussões da cidade. Tem autonomia para propor, discutir, aprovar e rejeitar projetos. Nós estabelecemos com a Câmara Municipal um diálogo aberto, transparente, uma discussão sadia, porque, afinal, temos todos os mesmos objetivos, que é a melhoria constante da nossa cidade.
O.G.: Segurança tem sido um dos setores mais preocupantes. Há um déficit de policiais no Alto Tietê. O que a população pode esperar?
Bertaiolli: A Prefeitura de Mogi das Cruzes investe cerca de R$ 23,5 milhões por ano na segurança, isso entre equipamentos, pagamento de salários, custeio e aluguel de prédios. Acabamos de instalar na cidade as barreiras que identificam quando um veículo, alvo de algum crime como roubo, furto e até sequestro relâmpago, passa pelo local e a Polícia Militar é imediatamente acionada. Este sistema está instalado nas principais entradas e saídas da cidade e também nos bairros. Aumentar o número de policiais depende do governo do Estado, mas esta é uma questão que influencia diretamente na vida dos moradores da cidade e, por isso, estamos sempre em contato com o comando da Polícia Militar, da Polícia Civil e também com a Secretaria Estadual de Segurança Pública. Nós temos a Guarda Municipal, que foi ampliada e faz um trabalho, que nos dá muito orgulho. São pessoas dedicadas que cuidam da cidade como um todo.
O.G.: Separar a vida pública da vida pessoal requer sensibilidade e cumplicidade. Como o senhor consegue equilibrar o seu dia a dia, especialmente na nobre função de pai?
Bertaiolli: A minha família é tudo para mim. De verdade. Sou um homem de muita sorte, porque Deus colocou no meu caminho pessoas muito especiais. Tenho na minha esposa, Mara, a minha parceira de vida. Tenho filhos maravilhosos e, como todo pai, quero sempre o melhor. Isso faz parte. O mais gostoso da vida é isso. É você ver a sua família se transformando, amadurecendo. Tenho filhos adultos, Willian e Thayná, e a Maitê que está na adolescência. Cada fase é uma fase e temos de vive-la com muito amor e prazer.