Alvo de uma reportagem exibida no Jornal da Band, na Rede Bandeirantes, na noite de anteontem, sobre denúncias de irregularidades em seu governo, o prefeito de Ferraz de Vasconcelos, Acir Filló (PSDB), convocou a Imprensa ontem para se defender das acusações feitas por dois procuradores públicos da cidade. Segundo ele, os profissionais concursados são "criminosos e bandidos", já que cometeram atos ilegais na gestão atual e na anterior.
Filló afirmou que sua administração é honesta e transparente e que recorre ao Ministério Público (MP), à Justiça e à Polícia Civil para que os procuradores respondem pelos crimes que teriam cometido na administração municipal. "Podem existir erros no nosso governo, mas fraudes não. Quero deixar claro também que o problema é apenas com dois procuradores, não podemos generalizar. Eles estão agindo como bandidos, criminosos, tocando o terror na cidade. Já tentaram coagir e extorquir a mim e aos secretários, já pediram para que eu participasse de esquemas ilegais e nós nunca embarcamos nisso", destacou o prefeito, se referindo aos advogados Gabriel Nascimento Lins de Oliveira e Marcos Vinícius Santana Matos Lopes.
Filló afirmou que a "guerra entre os procuradores e a prefeitura" ganhou força após o Executivo se negar a pagar horas extras que nunca foram cumpridas. "Temos um documento assinado pelos procuradores cobrando horas extras que eles não fizeram e nós nos recusamos a pagar. Esse documento será disponibilizado para todos vocês. Assim como detalhes dos crimes cometidos por esses dois advogados".
Apesar das orientações do prefeito, que deixou a entrevista coletiva em função de outros compromissos, o advogado da Secretaria de Assuntos Jurídicos de Ferraz, André Novaes, ao lado do secretário de Administração, Arnaldo Antunes de Souza, afirmou que os profissionais estão sendo investigados internamente e que não poderia passar qualquer informação ou documento que comprovassem as acusações feitas pelo prefeito. "Eles têm o direito de se defender, e para evitar qualquer problema nesses processos, vamos manter sigilo", disse.
Reportagem
A reportagem exibida na Bandeirantes afirmou que o prefeito é alvo de investigações de desvio de dinheiro público, superfaturamento em obras e retenção de contribuições sociais do INSS. "Não atrasamos nada. O salário dos funcionários está rigorosamente em dia há dois anos e nove meses, desde que assumi a prefeitura. O que acontece é que houve uma queda na arrecadação e nos repasses federais. Estamos perdendo aproximadamente R$ 1,5 milhão por mês e isso acaba afetando a administração. Com isso, o repasse do INSS acaba atrasando às vezes, de uma a três semanas, mas nunca deixa de ser feito", justificou.
Sobre a denúncia de empresas fantasmas contratadas pelo Executivo, Filló afirmou que a prefeitura não tem condições de confirmar o endereço da sede de todos os prestadores de serviços contratados. "A administração compra muita coisa e não é nossa função ver se a empresa tem sede. Não temos condições de fazer isso, assim como todas as demais prefeituras da região também não devem ter".
A reportagem da Band denunciou ainda a presença de um funcionário da prefeitura que tinha envolvimento com o PCC. "Temos funcionários aqui que cometeram crimes, mas que já pagaram sua dívida e estão passando por uma ressocialização. Não se pode expor essas pessoas, porque elas já pagaram por seu erros".