A infância é uma das fases mais importantes do desenvolvimento humano, especialmente entre os 4 e 7 anos, período em que a criança intensifica o crescimento ósseo, muscular e neurológico. Nessa etapa, ela inicia sua vida escolar, passa a adotar novos hábitos, como carregar mochilas, permanecer sentada por longos períodos e realizar atividades que exigem coordenação motora. É justamente nesse momento que a avaliação postural ganha relevância, pois o corpo ainda está em formação e vulnerável a desenvolver alterações que podem repercutir na vida adulta.

Entre as alterações mais comuns observadas nessa faixa etária estão a escoliose, a hiperlordose, a hipercifose e os desvios nos pés, como pé chato ou valgo. Pequenos desequilíbrios musculares ou maus hábitos de postura ao sentar, andar ou carregar objetos podem se transformar em problemas mais sérios se não forem identificados precocemente. Além disso, fatores como sobrepeso, sedentarismo e falta de estímulo motor também podem interferir no alinhamento corporal e na saúde funcional da criança.

Nesse contexto, o fisioterapeuta tem papel fundamental. Por meio de uma avaliação detalhada, esse profissional identifica desvios posturais, analisa padrões de movimento e orienta a família sobre cuidados preventivos. A intervenção pode incluir exercícios de alongamento, fortalecimento muscular, atividades lúdicas que estimulem equilíbrio e coordenação, além da correção de hábitos inadequados do dia a dia. Quando necessário, o fisioterapeuta também encaminha a criança para acompanhamento multiprofissional, garantindo um cuidado integral.

O acompanhamento fisioterapêutico nessa fase não é apenas corretivo, mas principalmente preventivo. Quanto mais cedo as alterações forem identificadas e tratadas, maior será a chance de evolução saudável do corpo, evitando dores, limitações funcionais e deformidades na vida adulta. Assim, a avaliação postural periódica deve ser vista como investimento essencial na saúde global da criança, favorecendo não apenas o crescimento físico adequado, mas também a qualidade de vida e o bem-estar.


Dr. Luiz Felipe Da Guarda é fisioterapeuta e Conselheiro Estadual de Assuntos da Pessoa com Deficiência