A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa básica de juros (Selic) para 15% ao ano acende um sinal de alerta para a indústria nacional. A medida tem efeitos imediatos sobre a economia, especialmente no encarecimento do crédito, o que dificulta o acesso de empresários a financiamentos. Na prática, isso compromete investimentos, geração de empregos e modernização das plantas industriais. Trata-se de um efeito cascata — e de um balde de água fria para o setor produtivo.
Após o aumento da Selic — índice que influencia desde o preço de produtos básicos até empréstimos, investimentos e a cotação do dólar —, veio um novo sinal do Banco Central: a taxa deve permanecer nesse patamar elevado por um "período prolongado".
Esta foi a sétima alta consecutiva da Selic, que não alcançava nível tão elevado desde 2006, quando chegou a 15,25% ao ano. Com isso, o Brasil passa a ter o segundo maior juro real do mundo, atrás apenas da Turquia.
A justificativa do Copom leva em conta o cenário internacional adverso, mas, internamente, o fator determinante foi a inflação fora da meta, o que agora se confirma com o anúncio de manter a taxa elevada por um longo, gelado e tenebroso inverno.
A Selic mais alta, adotada como um remédio para manter a inflação dentro da meta, tem como efeito colateral a restrição do crédito — o que pode elevar os custos de produção, comprometer a competitividade da indústria nacional, o consumo e, por consequência, a capacidade de crescimento do país.
Nesse contexto, torna-se emergencial o equilíbrio entre as políticas monetária e fiscal. Isso passa pela retomada de reformas estruturantes, como a administrativa, e pela revisão dos gastos públicos. É necessário garantir uma gestão mais eficiente e estratégica dos recursos públicos, de modo a criar um ambiente de negócios estável, previsível e sustentável.
Só assim será possível avançar para um objetivo comum e inadiável: o fortalecimento econômico do Brasil.
José Francisco Caseiro é diretor regional do CIESP Alto Tietê