Nas diversas teorias sobre o comportamento humano é identificado a influência dos grupos e culturas em seus indivíduos. Nos estudos encontramos várias referências sobre a identidade desses relacionamentos, a tendência de apego e laços e a dificuldade de abandonar o seu grupo. Sobre esse contexto, na própria clínica psicanalítica encontramos adultos infantilizados pelas influências familiares e sociais, principalmente no que se refere a interpretar os significados de datas festivas, religiosas e feriados. 

Observamos nos atendimentos e estudos de casos que os adultos que foram ensinados a acreditar quando criança no coelho da páscoa (fada do dente, papai noel entre outros) e fixaram-se nessa fantasia, são os mesmos que produzem esse comportamento quando crescem, pensando fielmente no relacionamento com o outro nos aspectos físicos e emocionais. Por exemplo, o homem ou mulher ideal, os pais perfeitos, a família do amor, o político que vai salvar a cidade, entre outros. Apresento aqui de forma em geral esses casos, mas as situações específicas são nítidas o quanto essa influência inconsciente molda comportamento individual e coletivo. 

Comparamos o período atual de Páscoa e teremos um bom retrato. A palavra "Páscoa" vem do hebraico Pessach, que significa "passagem". Na tradição judaica, essa passagem celebra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. Já na cultura cristã, à Páscoa comemora a ressurreição de Jesus Cristo, a passagem da morte para a vida e o direcionamento da vida eterna.  O ovo de páscoa, é uma mistura de hábitos culturais com marketing que pegou bem para o comércio, e a junção com o feriado consolidou um momento para agir em alguns dos três conceitos. Nesse sentido, dependendo da forma em que uma pessoa se disponibiliza para entender e praticar esses conceitos, ela se formará um indivíduo com senso crítico ou inconsciente e terá a tendência de levar esse comportamento para o resto da vida. Escolha um lado! 


Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no divã” e “A vida de cão do Requis”.