Há estudos que mostram que a ansiedade e depressão aumentam no mês de dezembro, causando o fenômeno conhecido como “síndrome do fim de ano”. E o motivo dessa condição psíquica, é que existe um senso de alegria e boas expectativas nesse período, com exposição grupal e social, onde nem todas as pessoas têm o mesmo sentimento ou condições, e são obrigadas a ter ou demonstrar felicidade.
Essa sensação de término de ciclo do ano, para muitos, é um período que pode ser emocionalmente difícil, quando não se encontra ou identifica conquistas, seja no âmbito pessoal ou profissional. São pessoas que perderam entes queridos, passaram por rompimentos, doenças, dificuldades econômicas ou simplesmente, não realizaram seus sonhos e metas, e acabam relembrando experiências que queriam ter esquecido, ou quem sabe, resolvido.
As pessoas publicam nas redes sociais o quanto estão felizes, começam a fazer uma retrospectiva das coisas boas que aconteceram, e quem já está fragilizado, quem não teve um bom ano por inúmeros fatores, acaba se espelhando inconscientemente nessa idealização, sendo provocado pelo o que houve de errado em seus doze meses, gerando crise de ansiedade, incertezas e bloqueio para procurar ajuda.
Outro fator para o aumento de angústia nesse período, são os encontros familiares impostos. Não deveria ser novidade que o ajuntamento de pessoas que apresentam conflitos e não se encontram durante todo o ano, será de confrontação. Será nas festas que aparecerá aquilo que ficou guardado e escondido de sentimento, em uma transferência de desabafo e ódio.
Em uma país com alto índice de doença mental e sem à cultura da terapia, o problema de como entender e encarar os gatilhos emocionais que a vida pode trazer , as decisões ou imposições de ficar sozinho, em grupo, na praia, na cama, trabalhando ou desempregado, exige do indivíduo muita maturidade mental para se avaliar e procurar tratamento para saber lidar com a frustração.
Outro ponto importante é não tentar camuflar a sensação de que o ano não terminou como se esperava. Se ele foi triste, desafiador ou até decepcionante, é importante estar ciente disso, reconhecer esse acontecimento, identificar razões e comportamentos, e continuar procurando novas oportunidades ou significados. Se ainda estiver difícil, procure os serviços de saúde mental.
Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no Divã” e “A vida de cão do Requis”.