Vivemos dias conturbados em São Paulo, no Brasil e no mundo. Com a realidade globalizada produzida pelo chamado neoliberalismo, por mais que a extrema direita costuma acusar a esquerda de globalismo, foi o modelo de desenvolvimento econômico produzido pela burguesia, particularmente na segunda metade do século passado, que colocou o mundo em rota de colisão com ele mesmo.
Com práticas abusivas em relação ao consumo dos recursos naturais do planeta para sustentar a sanha desmedida do capitalismo, fomos, aos poucos, produzindo um meio ambiente hostil a nós mesmos. Os efeitos do aquecimento global, tantas vezes negado por expoentes dessa imbecil, burra, tosca, ignorante e negacionista extrema direita, estão aí diante de nós. Catástrofes cada vez mais agudas acontecem por toda a parte do nosso agredido e sofrido planeta.
Mas os danos produzidos por essas ações que agridem tanto a natureza, não se limitam apenas a esse aspecto. Junto com isso, estrutura-se todo um discurso ideológico, que busca neutralizar as evidências científicas que nos alertam dos riscos que corremos.
E nesse momento, que temos diante de nós tantas informações, uma parte significativa das pessoas prefere se informar em seus grupos de WhatsApp, contribuindo assim para esse la”Marçal” que invadiu nossa vida, e nos propiciou espetáculos horrendos.
Uma figura que se apresentou como coach, e que teve uma primeira exposição pública quando foi condenado em 2010 por furto qualificado. Ele recebeu a condenação do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) a quatro anos e cinco meses de prisão. De acordo com a acusação, ele participou, em meados de 2005, de uma organização criminosa que invadia contas bancárias pela internet, e se apropriava de valores de pessoas idosas aposentadas.
Promoveu uma maratona com seus seguidores, onde uma pessoa morreu em decorrência do esforço físico para o qual não estava preparado. O dito empresário também promoveu uma expedição ao Pico dos Marins, colocando em risco a vida de 32 pessoas, que tiveram que ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros.
Pois bem, esse homem se candidatou a prefeito na cidade mais importante do país. Durante toda a campanha desafiou os limites da lei. Caluniou, ofendeu, foi covarde, leviano, desrespeitoso, a ponto de levar uma cadeirada, algo também deplorável, por seu comportamento asqueroso.
Num último e não menos grave lance, divulgou um documento fraudado acusando um dos candidatos de ter sido internado com uma crise psicótica por uso de cocaína. O documento divulgado por ele é falso. O médico apontado como quem assinou o laudo morreu em 2022, muito antes do documento ser forjado.
E mesmo assim, essa figura abjeta teve 1.719.274 votos na cidade mais importante do país. Dá pra dormir tranquilo?
Afonso Pola (afonsopola@uol.com.br) é sociólogo e professor