Antes da Fé Reformada há 500 anos, a Igreja Católica mantinha a verdade revelada, a Bíblia, aprisionada nos mosteiros, longe dos olhos dos fieis, estes deveriam crer no transcendental, sem arrazoar daquilo que ouviam dos sacerdotes. A fé sem polêmica sustentava a verdade da Igreja e mantinha a rédea curta de qualquer pensamento filosófico ou científico. Infelizmente, a tradição introduzida pelo clero deformou a verdade; no entanto, ainda, era Deus o Senhor absoluto de todas as coisas.
Com o Renascimento, destronaram Deus e colocaram o Homem sentado no trono da razão, sem a fé. Já não era Deus a medida de todas as coisas, mas, sim, o Homem. A razão abriu as portas para o modernismo, época áurea da arte e da literatura, agora livres da censura da Igreja para criar sem os limites da fé. A 1ª. e 2ª. Guerra Mundial mostraram a incapacidade da razão de manter a paz.
A desilusão dos jovens da geração pós-guerra com a hipocrisia da verdade pregada pelos mais velhos desembocou no pós-modernismo, abraçaram o existencialismo de Sartre e desfraldaram a bandeira do "make love, not war" - sem a fé na existência de Deus, sem a razão moral do Homem decretaram a morte da Verdade, e, então, substituída pelo pluralismo este deu a luz a muitas verdades relativas e ateístas - cada um tem a sua e tudo é permitido.
O jornalista Arnaldo Jabor, criticando os políticos corruptos que compõem o Congresso, diz que quando afirmam que é verdade, pode saber que é mentira; e quando juram que é mentira, pode apostar que é verdade. Francis Bacon, filósofo inglês, faz uma crítica que cabe bem quanto ao discernimento do eleitor: "Quem não quer pensar, é fanático; quem não pode pensar, é idiota; quem não ousa pensar, um covarde".
J.R. Guzzo em seu artigo "A Democracia no Chão" escreve que nossa democracia pode ser adulta, mas a sua idade mental é de 3 anos. Nessa gangorra populista eleitoral senta num lado a extrema direita e no outro a extrema esquerda e no meio os apaziguadores. Voto certo não é voto útil.
Mauro Jordão é médico.