Desde os primórdios da História o homem natural busca eleger da Natureza, das coisas criadas por Deus, deuses objetivos aos quais presta culto e adoração. Nas suas crenças primitivas perceberam haver, pela fé nesses deuses, poderes ocultos de entidades não físicas chamadas espíritos que podem se comunicar com eles através de um "xamã", feiticeiro capacitado para invocar essas entidades espirituais e ter poderes para curar, amaldiçoar, abençoar a caça, a pesca e trazer chuva.
Os Na'vi, humanoides indígenas do planeta Pandora, resistem em se estabelecer em outra região a fim dos mineradores da Terra terem livre acesso na busca de um precioso metal, principalmente devido a religião deles, o xamanismo. A deusa cultuada, Eywa, semelhante a dos gregos Gaia, ou Mãe-Terra, cuja força impessoal mantém o equilíbrio de toda a vida, tanto mística quanto biológica. O diretor e escritor do filme, James Cameron, deixa clara sua tendência teológica ao escolher o título do filme e a imagem dos Na'vi no deus hindu Krishna, um avatar encarnado de pele azul do deus Vishnu, cuja função é restaurar o equilíbrio do bem e do mal.
A ênfase dada às árvores, Árvore-Lar e Árvore das Almas, é consistente em todo xamanismo por ser um meio universal de comunicação com xamãs, com ancestrais falecidos e com os próprios espíritos, e não por fibras ópticas em seus cabelos trançados, como no filme. Esse evangelho xamânico do Avatar, pregado por James Cameron, não tem sustentação bíblica, são crenças pagãs diametralmente opostas ao cristianismo e consideradas anátema. Gálatas 1: 8. Muitos antropólogos em sua visão idealista da pureza natural dos indígenas, como os Na'vi, tentam impedir a ação dos missionários, alegando serem eles os responsáveis da destruição da sua cultura. Todos somos pecadores e necessitamos de Cristo em nossas vidas. As missões enfrentam as agruras da selva para levar assistência social e espiritual a essas comunidades desprovidas dos recursos necessários à sua sobrevivência.
Mauro Jordão é médico.