O primeiro sentido a se estabelecer em nossa formação é a audição e ela é um elemento por demais importante para a comunicação. No Brasil, 60% dos distúrbios de comunicação estão relacionados a deficiências auditivas. A intensidade do ruído é medida em decibéis. Ruídos a partir de 50 decibéis já são capazes de causar danos ao indivíduo, variando de acordo com o tempo de exposição e a força do ruído. E a dinâmica da sociedade moderna já nos impõe a convivência com diversos barulhos nocivos para a nossa saúde auditiva.

Mas tal exposição é muitas vezes inevitável, já que os centros urbanos são espaços onde vigora a tal da poluição sonora. E na verdade são poucos os que podem trocar os barulhos infernais da cidade pela tranquilidade do campo.

O problema é que além de termos de conviver com ruídos que compõem a paisagem urbana, somos agredidos também por outros que poderiam facilmente serem evitados. Escapamentos barulhentos de motos e carro, por exemplo, têm alta capacidade de irritar pessoas. Uma moto com o escapamento adulterado pode chegar a 118 decibéis imbecis.

No entanto, esse não é o caso mais grave. Muito comum nas festas de réveillon, a queima de fogos de artifício, rojões e bombas, são ruídos que podem trazer sérios e irreversíveis danos à audição. É obvio que isso não é segredo para mais ninguém. Até porque já existe legislação em inúmeras cidades proibindo o uso de artefatos como esses. O problema é que a imbecilidade parece irreversível para uma parte dos brasileiros.

Sempre que há queima de fogos, as redes sociais registram inúmeros casos envolvendo pessoas e bichos que entram em pânico com o barulho desses artefatos. Cães e gatos se machucam e acabam fugindo e se perdendo de seus donos. Crianças, idosos e autistas entram em crise. E os doentes que precisam repousar para se recuperar de suas moléstias não conseguem fazê-lo.

Aqueles que provocam situação assim, não tem a menor empatia e respeito por essas pessoas e esses animais. São uns imbecis.

Afonso Pola é sociólogo e professor