Mais do que tratar doenças, a Medicina de Família tem como missão acompanhar pessoas ao longo da vida, com escuta, acolhimento e cuidado contínuo. A especialidade resgata um modelo tradicional, em que o mesmo médico acompanhava diferentes gerações de uma mesma família. Segundo a Dra. Katherine Santos, especialista na área, esse tipo de cuidado tem ganhado mais espaço no Brasil, especialmente após a pandemia, quando cresceu a busca por um atendimento mais integral e resolutivo. A profissional tem expandido esse modelo de atenção para a prática particular, com consultas online, presenciais e domiciliares em Mogi das Cruzes. 

Visando apresentar a especialidade para mais pessoas, Dra. Katherine, que mora em Mogi, recentemente criou um perfil no Instagram (@drakatherinesanttos) para esclarecer tabus sobre a prática, dar dicas de saúde e também para divulgar seu trabalho.

Formada em 2016 pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), a médica atualmente integra a rede pública de São Paulo como médica da família, atuante na Atenção Primária à Saúde (APS). Com o objetivo de levar os cuidados para mais pessoas, também começou a realizar atendimentos particulares de forma virtual e com consultas presenciais em Mogi das Cruzes. A profissional incentiva que as pessoas entendam a importância de buscar esse tipo de cuidado integral, que prioriza a prevenção e o acompanhamento contínuo, em vez de esperar o surgimento de doenças para procurar um especialista.
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Katherine relembra sua trajetória com a especialidade, que permitiu que ela criasse vínculos com os pacientes. Ela conta que, ainda na graduação, ela se interessou por diversas áreas da medicina e chegou a considerar especializações como ginecologia, obstetrícia e pediatria. Mas foi ao conhecer melhor a proposta da Medicina da Família que viu sentido em seguir por esse caminho. “Foi uma forma de englobar tudo aquilo que eu gosto, sem faltar nada”, afirma.

Katherine nasceu no Canadá e veio para o Brasil com oito anos de idade. Entre 2017 e 2019, ela retornou ao país na América do Norte e a vivência teve um papel decisivo em sua trajetória. Nesse período, ela teve contato direto com o sistema de atenção primária do país, no qual a Medicina da Família é um dos pilares mais importantes. “Lá, é algo básico. Você tem que passar com o médico da família. Esse modelo me chamou muita atenção, mudou minha perspectiva e a minha vontade”, conta. “Tive vontade de ampliar isso aqui no Brasil”, acrescenta ela.

Ao retornar, passou a buscar vagas de trabalho na área e, em 2020, começou a atuar em uma Unidade Básica de Saúde da rede pública de São Paulo. Desde então, acompanha pacientes de todas as idades — muitas vezes da mesma família. “Tem criança que eu acompanhei desde o pré-natal, que nasceu e continua comigo. Depois, por gostarem do trabalho, vem a mãe, o pai, a avó, e a gente vai acompanhando todos juntos.”

Cuidado integrado

Para Dra. Katherine, o diferencial da Medicina da Família está no vínculo, na continuidade e na capacidade de olhar além dos sintomas. “A gente centraliza o cuidado. Conhece o contexto familiar, os conflitos, os hábitos, o que pode estar por trás daquele sintoma. Nem sempre a solução é passar uma receita, um remédio”, destaca ela.

No dia a dia, ela realiza atendimentos que envolvem desde a prevenção até o diagnóstico e tratamento de diferentes condições. Solicita exames, orienta pacientes, acompanha idosos e mulheres em fase gestacional, além de realizar procedimentos como papanicolau e inserção de DIU e Implanon - métodos contraceptivos de longa duração. Para o atendimento de crianças o atendimento é similar ao de um pediatra. Ela também é responsável por encaminhamentos quando há necessidade de avaliações mais específicas.

“E quando necessário o médico da família conta com uma vasta rede de contatos de especialistas, a qual fazemos o encaminhamento da melhor forma possível”, cita ela. “Uma das vantagens é que o médico de família encaminha de forma certeira. O paciente não fica dando voltas.”, acrescenta.

Atendimento particular: presencial, online e domiciliar

Atualmente morando em Mogi das Cruzes, a médica decidiu recentemente ampliar sua atuação para além do serviço público. Criou um perfil no instagram e passou a divulgar o trabalho particular — com atendimentos presenciais, online e domiciliares, inclusive aos sábados. Lá, de maneira leve, ela posta diversos vídeos com dicas de saúde e explicando um pouco da especialidade que resolveu seguir. Os agendamentos de consultas também são feitos pelo perfil do Instagram, onde os interessados podem tirar dúvidas. Na descrição do perfil um link redireciona para os agendamentos. O endereço é https://www.instagram.com/drakatherinesanttos/

A maior parte da procura, segundo ela, vem de idosos. “Muita gente, principalmente os idosos, não consegue sair de casa. A maior demanda hoje é para visitas domiciliares.” Ela destaca que esse tipo de atendimento ainda é pouco explorado em Mogi e região, o que a motivou a começar os atendimentos particulares.

Katherine reforça que o objetivo é oferecer um cuidado que se encaixe na rotina das pessoas, respeitando seu tempo e proporcionando um acompanhamento acessível e contínuo.

Desafios da especialidade

Apesar da importância da Medicina da Família, Katherine reconhece que a especialidade ainda é pouco conhecida e valorizada. “As pessoas ainda se perguntam por que passar com o médico de família se posso ir direto no especialista. Esse profissional é pouco valorizado, e isso é um dos maiores desafios que eu tenho no Instagram: explicar o que a gente faz.”

Ela acredita que o modelo tem tudo para crescer no Brasil, assim como já acontece em países como Canadá, Inglaterra e Austrália. “A prática é milenar, mas o modelo se perdeu com a cultura de procurar especialista só quando a doença já está instalada. Mas o médico da família busca prevenir a doenças e fazemos uma ponte. A gente trabalha com prevenção, promoção da saúde e com uma equipe multidisciplinar, que pode envolver psicólogos, nutricionistas, educadores físicos... tudo o que o paciente precisa para cuidar da saúde como um todo.”

Cuidado para hoje e para o futuro

Com o passar dos anos, Katherine passou a se aprofundar cada vez mais no cuidado com o envelhecimento e decidiu iniciar recentemente uma pós-graduação em geriatria. A formação complementa sua atuação atual e amplia a capacidade de atender com segurança os adultos na meia-idade e na terceira idade — etapas que exigem atenção especializada e abordagem sensível.

Além da rotina com pacientes, ela também participa de eventos e congressos da área. Em agosto, será uma das palestrantes no III Congresso Nacional de Atenção Primaria à Saúde. 

Para Katherine, mais do que uma especialização médica, a Medicina da Família é uma forma de atuar com responsabilidade e compromisso. “Saúde é uma coisa muito séria. Prezo muito pelo que é tradicional, sem seguir novas modas, mas com toda a atualização possível”, conta.