Em alta há cerca de dois anos, a discussão sobre pobreza menstrual, ou seja, quando mulheres não têm recursos para comprar absorventes, acabou perdendo força nos últimos tempos e na região não é diferente.
Em Mogi o assunto foi relembrado e virou pauta na semana passada, durante sessão na Câmara no Dia Internacional da Mulher. A cidade conta com uma lei aprovada em 2021 que institui o programa de fornecimento gratuito de absorventes higiênicos reutilizáveis em todos os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Unidades Básicas de Saúde (UBS) e escolas municipais, mas o fato é que a mesma não foi colocada plenamente em vigor até hoje.
A proposta, de autoria das vereadas Inês Paz (PSOL), Malu Fernandes (Solidariedade) e Fernanda Moreno (MDB), visava ampliar o acesso ao item de higiene pelas mulheres em situação de vulnerabilidade, mas esse objetivo ainda não foi totalmente alcançado.
Assim como os demais produtos, o custo de um pacote grande de absorvente está ainda mais alto se comparado a 2021, chegando a pouco mais de R$ 20. Se multiplicarmos esse valor por três, em casas onde uma mãe e duas filhas utilizam o item, por exemplo, será preciso desembolsar R$ 60. Vale lembrar que meninas menstruam normalmente com idade entre 12 e 14 anos, algumas até mais cedo, ou seja, quando ainda não trabalham e não podem arcar com esse custo sozinhas.
Pode parecer pouco, mas para quem vive em situação de vulnerabilidade R$ 60 é um valor alto e que sem dúvida será ignorado, porque outros itens mais importantes terão prioridade, como comida, leite e remédios.
Se para essa população o investimento é alto, para o Poder Público não. Reservar verba para esse fim garantirá saúde e dignidade para adolescentes e mulheres que muitas vezes recorrem a panos, papel e até jornal durante os dias de ciclo menstrual.
É fato que Mogi faz a distribuição do item nos CRAS, por meio de projetos do Fundo Social e conforme a necessidade das alunas em escolas municipais, mas seria importante ir além e garantir o acesso ao item de forma sistemática e constante, conforme diz a lei.