É muito comum as pessoas elegerem a segunda-feira como o pior dia da semana. Como eu sempre gostei de brincar um pouco com as palavras, sempre digo que uma segunda-feira tem pelo menos um aspecto positivo. É o dia mais distante de outra segunda-feira. Segunda-feira com chuva como hoje então, parece que ninguém merece. Ainda mais se acordamos meio de ressaca. Pois é. Ontem foi segunda-feira, 31 de outubro de 2022, amanheceu chovendo, muitos acordaram de ressaca, mas, ainda assim um "dia feliz", com a esperança de que dias melhores virão.
Depois de carregarmos o peso da eleição mais importante da história do nosso país, depois de vivermos momentos de muita agonia, o Brasil despertou de bem com o futuro. Imagino que muitos vão discordar do que afirmei, mas não recuo um milímetro da minha fala.
Não existe partido perfeito e nem político perfeito. Até porque a perfeição não é característica humana. Mas nenhum humano precisa ter tantos defeitos quanto o atual mandatário. A única parte ruim dessas eleições foi ela não ter terminado no primeiro turno, e ter um resultado tão apertado, o que acaba alimentando os sonhos daqueles que sentem que pintou um clima quando estão diante de qualquer possibilidade de golpe. Vide o que fez a Polícia Rodoviária Federal no domingo, e o que estão fazendo alguns caminhoneiros.
Mas a boa notícia é que acredito que vamos começar a reconstruir nosso país, internamente e externamente. O mundo quase todo estava torcendo para ter de volta um Brasil que respeita o meio ambiente, a educação, a ciência, os negros, os lgbtqia , os povos originários, e toda a diversidade que existe.
Num país onde bispos, padres e demais foram ofendidos por se posicionarem contra a fome, mostra que a barbárie estava próxima demais. Agora temos a possibilidade de sonharmos com a volta do tempo em que o livro era mais importante do que armas, que nenhuma louca desvairada persiga um homem negro com uma arma na mão. Como disse, um dia feliz.
Afonso Pola é sociólogo e professor.