O que era previsto acontecer logo no primeiro dia de vacinação contra o vírus H1N1 foi registrado ontem. Filas de pessoas que fazem parte do público-alvo para imunização nos postos de saúde. Claro, com o surto da gripe A na capital e em outras cidades do interior de São Paulo, além de duas mortes pela doença registradas no Alto Tietê, uma em Mogi das Cruzes e outra em Poá, era natural que a procura pela dose da vacina na rede pública fosse intensa. Até mesmo nas clínicas particulares de vacinação era possível registrar movimento semelhante nos últimos dias, ainda que a imunização fosse paga, mas rapidamente os lotes escassearam e agora muita gente aguarda para conseguir se vacinar. A expectativa, inclusive, é que o valor venha a ficar mais alto em muitos lugares.
Em um momento tão delicado como esse e que causa medo e aflição é incrível perceber como alguém ainda quer ganhar dinheiro com tudo isso. A vacina é muito procurada, fica mais cara. O álcool em gel é objeto de desejo, logo some das prateleiras e os frascos que sobram também sofrem reajuste. Nos casos em que há a contaminação e é necessário o tratamento específico, falta tamiflu em muitos postos de saúde e farmácias.
Ninguém sabe se o surto constatado no Estado de São Paulo se tornará uma pandemia nacional ou mundial, como ocorreu em 2009. Também não há como prever se os números serão os mesmos, tanto de casos como de óbitos. Até agora, foram 59 mortes confirmadas só em território paulista. Com todo esse cenário, surge um questionamento: por que o Poder Público não dispõe da vacina de graça para todas as pessoas? É algo tão perigoso que é inadmissível não haver a possibilidade de imunização para toda a população. Não seria obrigação do governo federal garantir doses para quem quer que seja? Ainda mais com tantos institutos públicos para desenvolvimento da vacina em larga escala.
Os sintomas de quem contrai H1N1 são praticamente os mesmos dos da gripe comum. Mas o vírus não é derrotado apenas da maneira tradicional. É necessário medicamento próprio e mais atenção, até porque pode causar complicações e evoluir para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e causar a morte. Cabe a cada um mudar o seu comportamento, lavar as mãos constantemente e não levá-las ao rosto, evitar aglomerações e cobrir o nariz e a boca ao espirrar e ao tossir. As pessoas estão atentas, mas o Poder Público deveria ampliar o seu papel e oferecer a imunização a todas as pessoas.