Após 25 dias de trabalho, a Câmara dos Deputados terá o primeiro resultado sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Enquanto o ritmo de trabalho da comissão especial que analisa o pedido é celebrado por alguns parlamentares que defendem que o país está "parado", esperando a solução da crise política, outros questionam a velocidade "diferenciada" atribuída, segundo governistas, à vontade do presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ), opositor declarado de Dilma.
"É o prazo Eduardo Cunha: para os inimigos políticos, poucos dias e 'casso sem provas', para os amigos, proteção eterna", criticou o vice-líder do PT, Henrique Fontana (RS). O gaúcho se refere tanto ao processo que corre no Conselho de Ética contra Cunha desde novembro do ano passado quanto ao trâmite do pedido do vice-presidente Michel Temer (PMDB).
Nesta semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello determinou seguimento a um processo de impeachment de Temer na Câmara. "Cunha não quer que o Conselho de Ética funcione nem nas quartas, mas, para cassar a presidente, quer sete dias de trabalho ininterruptos", afirmou Henrique Fontana.
Cunha notificou líderes para que eles indiquem integrantes da comissão especial encarregada de analisar o pedido de impeachment de Temer, mas partidos favoráveis ao impedimento de Dilma não devem entregar uma lista. "Não há disposição na bancada para participar dessa comissão. Isto não é processo judicial, mas jurídico e político", disse Mendonça Filho (DEM-PE).
Entre analistas e servidores da Câmara que há anos acompanham processos polêmicos tramitando na Casa, há avaliações sobre a agilidade da comissão. Analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, conhecido como Toninho, afirma que há um claro interesse em acelerar as discussões.